A temática da segurança dos smartphones ganha cada vez mais relevância, sobretudo quando se fala de ataques cibernéticos capazes de contornar até os hábitos de proteção mais comuns. Reiniciar ou desligar o telemóvel tornou-se uma recomendação frequente, mas as autoridades alertam que este gesto pode não oferecer a defesa que muitos utilizadores imaginam.
Os especialistas em cibersegurança, como NSA (Agência de Segurança Norte-americana) ou o FBI (Federal Bureau of Investigation), citados pelo portal especializado em tecnologia Pplware, têm repetido que reiniciar regularmente o smartphone ajuda a travar eventuais infecções. A NSA defende mesmo que este procedimento seja feito pelo menos duas vezes por semana, uma prática que encerra processos em segundo plano e impede que malware ativo continue a operar.
Contudo, a Agência Nacional Francesa de Cibersegurança (ANSSI) traz uma perspetiva diferente. Num relatório dedicado às ameaças que afetam smartphones desde 2015, a entidade avisa que a função tradicional de reiniciar pode não ser eficaz contra certos ataques. De acordo com a ANSSI, “alguns spywares” conseguem “simular o reinício do telefone para enganar o utilizador”, anulando por completo o efeito pretendido.
Esta simulação acontece tanto em Android como em iOS. O utilizador acredita que o telemóvel reiniciou após o ecrã escurecer e deixar de responder, mas o dispositivo permanece ligado e operacional. Neste cenário, o malware captura o comando de reinicialização, exibe um ecrã falso e continua em execução. Nos últimos anos, vários investigadores identificaram técnicas perfeitamente capazes de criar esta ilusão.
Uma ameaça que também afeta o iPhone
A investigação mais recente mostra que o problema não é exclusivo do ecossistema Android. Em 2022, investigadores demonstraram que um iPhone também pode ser alvo da mesma tática. O processo passa por intercetar a ação de desligar e apresentar um ecrã idêntico ao encerramento real do iOS.
Enquanto isso, o aparelho permanece ativo e até pode continuar a enviar dados, como imagens captadas pela câmara frontal, de acordo com a mesma fonte.
Perante este risco, a ANSSI recomenda um procedimento simples, mas mais eficaz. Em vez de usar a função de reiniciar, a agência aconselha a desligar totalmente o smartphone durante alguns minutos e só depois ligá-lo novamente. Esta pausa força o término de todas as atividades em segundo plano e impede que o malware simule o processo.
Uma recomendação internacional que vai além da ANSSI
O FBI, principal agência federal de investigação dos Estados Unidos, partilha a mesma linha de precaução. Segundo as suas orientações, todos os utilizadores deveriam desligar os seus telemóveis durante cinco minutos todas as noites. Tal como a ANSSI, o FBI reforça que se trata de um desligar completo e não apenas de um reboot rápido.
A conclusão destas autoridades é clara. Apesar de desligar ou reiniciar o telemóvel continuar a ser um hábito útil, não basta para garantir proteção contra ataques mais sofisticados, refere o Pplware. Desligar totalmente o dispositivo durante alguns minutos permanece, para já, a medida mais simples e eficaz para reduzir o risco de espionagem e impedir que programas maliciosos continuem a operar em segredo.