Era uma oportunidade que o FC Porto não podia desperdiçar. E não desperdiçou. Depois do empate no derby de sexta-feira, em que Benfica e Sporting perderam pontos, o FC Porto fez a colheita dos seus em Tondela, triunfando por 0-2 e aumentando a sua vantagem para os principais rivais. Com este triunfo na 13.ª ronda, os “dragões” chegaram aos 37 pontos e abriram um fosso significativo para os “leões” (32) e para as “águias” (29), tendo já jogado com ambos. Não foi um jogo bonito e o líder até pareceu um pouco nervoso na primeira parte, mas tudo se resolveu nos primeiros minutos da segunda.


É raro vermos um treinador italiano no futebol português – temos agora Farioli, já houve em tempos Trappatoni e Materazzi, só para falar daqueles que andaram nos “grandes”. Ainda menos dois ao mesmo tempo – nunca tinha acontecido. Neste domingo, na Beira Alta, ia acontecer essa inédita cimeira entre dois transalpinos “desterrados” em Portugal, Cristiano Bacci no banco do Tondela, e Farioli, a tentar deixar o FC Porto mais confortável na liderança. Era expectável que o Tondela fosse muito “italiano” na recepção ao “dragão”, e veríamos como iria reagir o líder, que nem sempre tem lidado bem com isto.

Depois do desastre que foi a partida com o Vitória para a Taça da Liga, Farioli só deixou um do “onze” titular desse jogo, Varela, mudando tudo o resto para os habituais – a maior surpresa, William Gomes em vez de Borja. Mas os portistas pareceram, de facto, não lidar bem com um Tondela muito fechado que sabia bem o que fazer. E aquilo que passava pelas linhas defensivas morria nas mãos de Bernardo, o guarda-redes brasileiro do Tondela – não seria sempre assim.


O antigo guardião do Flamengo começou por ser testado pelos próprios colegas de equipa logo aos 6’. Num cruzamento de Francisco Moura, um dos centrais do Tondela rematou contra o outro e a bola quase entrou junto ao poste – grande mergulho de Bernardo a evitar o 1-0. Pouco depois, aos 13’, o brasileiro voltou a estar no sítio certo, desta vez para defender a sua baliza de “fogo inimigo” – remate de Samu, desmarcado na área após passe de Pepê.

Não parecia haver muita resposta colectiva do FC Porto, nem grande inspiração individual – Rodrigo Mora era a excepção. Do lado do Tondela era só colectivo, uma unidade a funcionar em uníssono, do guarda-redes ao ponta-de-lança. E uma equipa agarrada às suas circunstâncias defensivas, sabe como ferir uma equipa “grande”, na bola parada. Aos 19’, uma boa hipótese para o Tondela, num canto de Hugo Félix a que Jordi respondeu com um cabeceamento que não saiu longe da baliza de Diogo Costa.

Aos 33’, o FC Porto pareceu finalmente quebrar o enguiço, com Rodrigo Mora a meter a bola na baliza após uma jogada cheia de insistências e ressaltos. O jovem craque portista recebeu de Samu na pequena área e atirou para o fundo da baliza, mas uma análise das imagens detectou um adiantamento de 25 centímetros em relação ao penúltimo defesa tondelense. Golo anulado e festa cancelada.

O Tondela também teria um desses momentos já no tempo de compensação. Bola alta para a grande área portista, Bryan Medina cabeceia para a baliza, mas, em simultâneo, a empurrar Froholdt. Nem deu para o colombiano do Tondela festejar – o assistente já tinha detectado a falta. Pouco depois, veio o intervalo.

Farioli nada mudou para a segunda parte, mas os portistas resolveram o assunto em poucos minutos. Logo aos 48’, num canto de Rodrigo Mora, Kiwior cabeceou para mais uma enorme defesa de Bernardo, mas o brasileiro não conseguiu impedir a recarga vitoriosa de Samu. Estava quebrado o bloqueio “à italiana” do Tondela, mas não ficou pedra sobre pedra no minuto seguinte. Excesso e confiança de Bernardo a dominar uma bola com o pé, William aproveitou, tomou conta dela e fez o 0-2.

O Tondela já não voltou ao jogo e o FC Porto entrou em domínio com gestão. No reencontro com um compatriota em Portugal, “felicitá” para Farioli.