Donald Trump pode abandonar a guerra na Ucrânia. A revelação foi feita pelo filho mais velho do presidente dos EUA durante uma conferência sobre o Médio Oriente.
Trump Jr afirmou que o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, estava a prolongar a guerra porque sabia que nunca ganharia as próximas eleições naquele país, caso haja um cessar-fogo. Declarou ainda que que a Ucrânia era um país mais corrupto do que a Rússia.
Donald Trump Jr também disse na mesma conferência, realizada em Doha, e citada pelo “The Guardian“, que os ricos “corruptos” da Ucrânia fugiram do seu país, deixando «aquilo que acreditavam ser a classe camponesa» para lutar na guerra.
Recorde-se que o filho mais velho de Trump não tem qualquer função formal na administração liderada pelo pai, mas é uma figura-chave no movimento MAGA (Make America Great Again), próximo da extrema-direita. Estas declarações são o reflexo do pensamento da ala mais à direita da administração Trump em relação ao governo ucraniano. E surgem numa altura em que a equipa de negociação do Presidente dos EUA está a pressionar Kiev para que ceda território à Rússia nas difíceis negociações para um possível fim da guerra.
Mas Trump Jr. não circunscreveu as críticas ao governo de Zelensky. Também teve como alvos a chefe da política externa da UE, Kaja Kallas, dizendo que as sanções europeias contra Moscovo não estavam a funcionar, pois fizeram apenas aumentar o preço do petróleo. E descreveu o plano europeu para derrotar Putin como “vamos esperar que a Rússia vá à falência”, defendendo que “isso não é um plano”.
Durante a última campanha eleitoral para eleger o inquilino da Casa Branca, o filho de Trump garantiu ter encontrado apenas três pessoas que consideravam a guerra na Ucrânia uma das 10 questões mais importantes. O risco de barcos venezuelanos trazerem Fentanil para os EUA era, segundo Trump Jr., “um perigo muito mais claro e presente do que qualquer coisa que esteja a acontecer na Ucrânia ou na Rússia”.
Trump Jr afirmou ainda, sem apresentar provas, que observou neste verão, num único dia no Mónaco, que 50% dos supercarros, como Bugattis e Ferraris, tinham matrículas ucranianas.
Kremlin aplaude Casa Branca
Num outro artigo, o mesmo “The Guardian” revela que o Kremlin elogiou a mais recente estratégia de segurança nacional de Donald Trump, chamando-a de uma mudança encorajadora na política que se alinha amplamente com o pensamento russo.
Estas declarações de Moscovo surgem após a publicação de um documento da Casa Branca na sexta-feira que critica a UE e afirma que a Europa corre o risco de “apagamento civilizacional”, ao mesmo tempo que deixa claro que os EUA estão interessados em estabelecer melhores relações com a Rússia.
“Os ajustes que vemos correspondem em muitos aspetos à nossa visão“, afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, no domingo. Peskov disse ter recebido com agrado os sinais de que a administração Trump era “a favor do diálogo e da construção de boas relações”, entre os dois países. No entanto, alertou que o suposto “Estado profundo” dos EUA poderia tentar sabotar a visão de Trump.
Estas declarações surgem numa altura em que os esforços da Casa Branca para aprovar um acordo de paz na Guerra da Ucrânia entram numa fase crucial.