Reportagem dos enviados especiais do Observador à Síria
“Mãe, estamos em Alepo”, “Mãe, estamos em Homs.” Ferial al-Nassar lembra-se bem das mensagens de áudio que foi recebendo dos filhos ao longo do final daquele mês de novembro de 2024. Mãe de quatro rapazes, tinha três deles a combater junto das forças do Hay’at Tahrir al-Sham (HTS), o grupo liderado por Ahmed al-Sharaa que comandou uma ofensiva bem sucedida para roubar o controlo da Síria a Bashar al-Assad.
Ferial, contudo, não celebraria com os filhos a libertação de Damasco, que aconteceu a 8 de dezembro de 2024. Os três acabaram mortos na batalha que ocorreu às portas da capital síria, ao longo de 11 dias. Na sua aldeia, As Sanamayn, que fica a uma hora de Damasco, Ferial aguentou 14 anos de guerra civil com três dos filhos longe. O único que ficou perto de si ficou ferido durante um bombardeamento — “mas conseguiu sobreviver”, nota a mulher.
A viúva de 50 anos está hoje no centro de Damasco com um propósito muito claro: veio festejar a data em que se assinala um ano da “libertação” do país do regime de Bashar al-Assad. “Quero celebrar, pelos meus filhos. Eles eram tão corajosos”, diz, enquanto mostra o fundo do seu ecrã de telemóvel com uma montagem com os rostos dos três.