A Valve esclareceu nesta semana o motivo pelo qual o Steam Machine, mesmo equipado com porta HDMI 2.1, opera apenas no padrão HDMI 2.0 quando roda o SteamOS. A limitação não decorre de falha técnica ou corte de custos, mas de restrições impostas pelo HDMI Forum ao código aberto. O sistema operacional da Valve utiliza drivers Linux open-source da AMD, que não podem implementar o padrão mais recente por decisão do consórcio responsável pela especificação.
O HDMI Forum alterou as regras de acesso às especificações completas do HDMI 2.1 em 2021. Desde então, a implementação em drivers de código aberto exige licença paga e aprovação prévia, o que impede fabricantes como AMD e Valve de oferecer suporte nativo no Linux.
- 4K a 120 Hz funciona com compressão de cor (chroma 4:2:0) dentro da banda do HDMI 2.0
- Suporte a AMD FreeSync existe, mas HDMI VRR oficial não está disponível
- Usuários podem obter HDMI 2.1 completo apenas ao instalar Windows com drivers proprietários
Restrição imposta pelo HDMI Forum desde 2021
O consórcio HDMI Forum passou a tratar as especificações técnicas do HDMI 2.1 como informação confidencial. Empresas que desejam implementar o padrão em código aberto precisam assinar acordos de não divulgação e pagar taxas de licenciamento.
Essa mudança ocorreu exatamente em 2021 e afetou diretamente o desenvolvimento de drivers Linux. A AMD tentou negociar acesso às especificações para criar implementação open-source, mas a proposta foi rejeitada pelo Fórum.
Posição oficial da AMD no Linux
Alex Deucher, engenheiro sênior da AMD responsável pelos drivers Linux, confirmou a situação em fevereiro de 2024. Em relatório de bug aberto desde 2021 no freedesktop.org, ele afirmou que o HDMI Forum rejeitou a solicitação da empresa.
A declaração deixou claro que qualquer tentativa de implementar HDMI 2.1 em código aberto violaria os requisitos do consórcio. Por isso, os drivers Mesa e AMDGPU permanecem limitados ao HDMI 2.0 no kernel Linux.
Solução adotada pela Valve no Steam Machine
A empresa consegue ativar HDMI 2.1 completo quando o Steam Machine roda Windows. Nessa situação, os drivers proprietários da AMD acessam as funcionalidades bloqueadas no Linux.
No SteamOS, a Valve optou por manter a experiência funcional com compressão de dados. O console entrega resolução 4K a 120 Hz usando chroma subsampling, método que reduz a quantidade de informações de cor para caber na largura de banda de 18 Gbps do HDMI 2.0.
Casos semelhantes no mercado de GPUs
Placas Intel Arc das séries A770 e A750 enfrentam restrição parecida. Apesar de alguns fabricantes anunciarem HDMI 2.1, o chip nativo suporta apenas HDMI 2.0.
A solução comum envolve conversores externos de protocolo, como o chip Realtek RTD2173, que transforma sinal DisplayPort 1.4 em HDMI 2.1. Essa abordagem exige suporte específico nos drivers e funciona de forma limitada no Linux.
Alternativas disponíveis para usuários
Quem prioriza taxa de atualização variável pode usar o AMD FreeSync, que opera normalmente via HDMI no SteamOS. Televisores que aceitam FreeSync mantêm a funcionalidade mesmo sem HDMI VRR oficial.
Outra opção é conectar o Steam Machine por DisplayPort, quando a televisão oferece a entrada. Nesse cenário, recursos como VRR e maiores taxas de atualização funcionam sem depender do padrão HDMI.
O caso do Steam Machine evidencia o controle rígido que o HDMI Forum exerce sobre a evolução do padrão. Fabricantes que apostam em sistemas open-source precisam contornar as barreiras com soluções alternativas ou direcionar usuários para drivers proprietários em outros sistemas operacionais.