O Governo reconheceu esta segunda-feira, 8 de dezembro, que as próximas semanas serão exigentes na resposta à gripe, com o pico da atividade gripal previsto para o final do ano, mas garante que o Serviço Nacional de Saúde está pronto para enfrentar o aumento de casos. “Posso assegurar que as nossas instituições estão preparadas e articuladas (…) para dar a melhor resposta possível aos portugueses, desde a prevenção até ao tratamento”, afirmou a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, numa conferência de imprensa em Lisboa que juntou ainda a diretora-geral da Saúde, Rita Sá Machado, e o diretor executivo do SNS, Álvaro Santos Almeida.
A ministra explicou que a época gripal começou cerca de um mês mais cedo do que o habitual e que Portugal segue a tendência de outros países europeus. “Temos uma atividade gripal crescente nas últimas semanas, já com impacto visível nas unidades de saúde”, disse, sublinhando que o impacto “será mais intenso nas próximas semanas”. “Sabemos que as próximas oito semanas serão particularmente exigentes”, alertou. Até agora, quase 2,3 milhões de pessoas já foram vacinadas em Portugal.
O alerta surge depois de o país ter registado cerca de 700 novos casos por 100 mil habitantes na última semana. Ana Paula Martins reconheceu a pressão crescente no terreno: “A gripe terá este ano um impacto maior”, notou, lembrando a “escassez de profissionais” e apontando o alargamento dos horários dos centros e serviços de atendimento clínico.
O Governo vai também voltar a ativar uma task force de monitorização diária da gripe, semelhante à criada no ano passado. “É previsível um aumento da procura dos serviços de urgência, o que, aliás, já se começou a notar”, assinalou a ministra da Saúde.
Segundo Ana Paula Martins, o reforço dos meios também já está a avançar: o INEM vai recorrer a ambulâncias da proteção civil e da Cruz Vermelha Portuguesa. A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa disponibilizou 27 camas sociais e 112 camas de apoio e está a preparar mais 50 para situações de emergência.
Apesar das dificuldades, a ministra garantiu que o sistema está mobilizado. “As instituições estão preparadas e articuladas para dar a melhor resposta possível”, disse, lembrando que, em momentos de maior procura, os hospitais podem suspender cirurgias não urgentes para concentrar recursos nas urgências.
Máscaras e etiqueta respiratória
Da parte da Direção-Geral da Saúde, a diretora-geral Rita Sá Machado reforçou a necessidade de cuidados básicos para travar contágios. “A curva dos infetados está em fase ascendente, mas ainda não é epidémica”, afirmou. Perante o aumento de casos, pediu responsabilidade a quem apresenta sintomas, resgatando a importância do uso de máscaras em contexto de doença: “É importante focarmos não apenas na utilização de máscara, mas naquilo que é a etiqueta respiratória. Sempre que se têm sintomas respiratórios e se vai aos cuidados de saúde, deve usar-se máscara.”
A responsável lembrou ainda outras medidas essenciais que devemos não esquecer, recuperando conselhos muito repetidos nos tempos da pandemia de covid-19: “Lavar as mãos, tossir e espirrar para o cotovelo e arejar espaços.”