Nessa manhã de segunda-feira, o primeiro-ministro não acordou no Palácio de São Bento, mas à mesa do pequeno-almoço do hotel em que tinha dormido, no Porto, não tinha faltado nem “pão quente”, nem o “leite quente”. Depois de comer, até “viu pessoas a irem para os empregos em autocarros”, contou mais tarde aos jornalistas que o acompanharam de perto durante todo o dia e a quem repetiu exaustivamente que não havia sinais do que tinha sido prometido. “Se há greve geral, não notei. Tão pouco parcial, diria mesmo, parcialíssima”, afirmava com certeza Aníbal Cavaco Silva. Era 28 de março de 1988.

Quando desejou uma “continuação de boa greve parcialíssima” aos trabalhadores portugueses, já estava no aeroporto de Pedras Rubras (atual aeroporto Francisco Sá Carneiro) para seguir viagem para sul. No período da manhã, Cavaco visitou não uma, mas duas fábricas em que “estava tudo a funcionar normalmente”. Primeiro foi à Salvador Caetano, em Vila Nova de Gaia, depois à Portucel, em Vila do Conde, e fez ainda questão de, a caminho do voo que o iria levar de regresso a Lisboa, atravessar a zona industrial da Maia com a confiança de que pouco ou nada tinha parado por ali.

Mas houve planos que deixou pelo caminho. No dia anterior tinha anunciado que ia andar num autocarro da Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP), mas essa viagem nunca aconteceu. A greve acabou por ter grande incidência nos serviços de transporte na área metropolitana do Porto, com o Diário de Notícias a falar numa adesão de “90% dos trabalhadores da rodoviária nacional e dos STCP”.

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