Justiça

A Polícia Judiciária revela que “apesar da medida de coação que lhe foi aplicada após ter sido detida no passado mês de maio”, a mulher continuou a intermediar a venda fraudulenta de inscrições de imigrantes no Sistema Nacional de Saúde (SNS), contando com a colaboração de duas funcionárias de uma Unidade de Saúde Familiar detidas em novembro deste ano.

Operação "Gambérria": revista (e agravada) medida de coação de mulher suspeita de auxílio à imigração ilegal

Polícia Judiciária

A Polícia Judiciária (PJ) informa, esta quarta-feira, que foi revista a medida de coação aplicada a uma das mulheres, que integrava um grupo organizado dedicado ao auxílio à imigração ilegal. A suspeita estava obrigada à permanência na habitação com vigilância eletrónica, mas agora, após revisão da medida de coação, ficou em prisão preventiva.

A revisão da medida de coação ocorreu porque, conta a PJ, mesmo “apesar da medida de coação que lhe foi aplicada após ter sido detida no passado mês de maio”, a mulher “continuou a intermediar a venda fraudulenta de inscrições de imigrantes no Sistema Nacional de Saúde (SNS), contando com a colaboração de duas funcionárias de uma Unidade de Saúde Familiar detidas em novembro deste ano”.

Esta mulher, salienta a Judiciária, é uma das duas funcionárias administrativas que se “encontravam-se suspensas de funções” e a quem foi “imputada a atribuição indevida de mais de 10 mil números de utente” do SNS.

Recorde-se que no âmbito da operação “Gambérria” já foram detidas 16 pessoas e constituídas arguidas outras 27, entre as quais sete empresários, uma advogada e uma funcionária da Direção-Geral dos Assuntos Consulares e das Comunidades Portuguesas do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

Mulheres trabalhavam numa USF no concelho de Ovar

As duas funcionárias administrativas de uma Unidade de Saúde Familiar (USF) têm 40 e 54 anos e integravam uma organização que começou a ser desmantelada em maio.

Em cerca de um ano e meio, inseriram no SNS mais de 10.000 imigrantes, 500 migrantes deram a mesma morada, a rua do Benformoso, em Lisboa.

Os imigrantes tinham acesso ao cartão de utente do SNS e também ao cartão europeu de saúde, que lhes permitia ter assistência médica em vários países da Europa. A grande maioria destes imigrantes já não está sequer em Portugal.

As duas funcionárias, que trabalhavam na Unidade de Saúde Familiar Laços, em Cortegaça, no concelho de Ovar, nunca lidaram diretamente com os imigrantes nem recebiam dinheiro diretamente dessas pessoas, mas recebiam o devido por cada utente que era inserido.