A tendência é de aumento e não atuar tem custos sociais e económicos. Mas, contra estas evidências, Portugal continua a investir menos em saúde do que a média europeia – cerca de 38% abaixo. O retrato, divulgado esta quarta-feira, é feito por oito organizações numa carta que seguiu para a ministra da Saúde e outros responsáveis públicos com um pedido claro: “É tempo de tratar o cancro a sério”.

“Em Portugal, as doenças oncológicas não estão a ser tratadas como devem ser” e, neste tipo de patologias, “fazer muito pouco corresponde a um aumento da mortalidade, do sofrimento das pessoas e dos custos do Serviço Nacional de Saúde”, pelo que o cancro “exige, dos decisores de políticas públicas, uma visão mais competente, organizada e, sobretudo, humanista”, resume Vítor Neves, presidente da Europacolon Portugal.

As oito signatárias

Esta associação assina a carta conjuntamente com a AC Rim, Careca Power, Associação EVITA-Cancro Hereditário, Liga Portuguesa Contra o Cancro, Plataforma Saúde em Diálogo, Pulmonale e Sociedade Portuguesa de Literacia em Saúde. As organizações, que divulgam o documento esta quarta-feira para assinalar o Dia dos Direitos Humanos, querem reuniões formais com o Governo e compromissos concretos e calendarizados para alterar esta realidade. O combate deve ser “um desígnio nacional” e não há mais tempo a perder, lê-se na carta.

Promover rastreios

No documento, consideram que é essencial reforçar a literacia em saúde, reduzir os tempos de espera para exames e tratamentos, reforçar equipas médicas e criar uma entidade específica para a oncologia, além de otimizar e alargar a cobertura dos rastreios existentes e estudar a viabilidade de implementação de programas organizados adicionais para o pulmão, próstata e estômago.

Os governantes, sublinha também Vítor Neves, “têm que ter uma sensibilidade para a promoção dos rastreios, que é o caminho mais barato e mais eficaz para a diminuição de doenças oncológicas”.