Os EUA apreenderam um petroleiro ao largo da costa da Venezuela, segundo afirmaram três responsáveis norte-americanos à Reuters esta quarta-feira, numa acção que fez subir o preço do petróleo e que deverá agravar ainda mais as tensões entre Washington e Caracas.
O Presidente dos EUA ordenou um reforço militar massivo na região, incluindo um porta-aviões, caças e dezenas de milhares de soldados. Os responsáveis, que falaram sob condição de anonimato, afirmaram que a operação foi liderada pela Guarda Costeira norte-americana. Não revelaram o nome do petroleiro, a bandeira que este transportava nem o local exacto da interdição.
Donald Trump já confirmou o sucedido, alegando que o petroleiro foi interceptado “por uma excelente razão”: “Acabámos de apreender um petroleiro na costa da Venezuela — um navio muito grande, o maior alguma vez interceptado, na verdade. Outras coisas também estão a acontecer, verão mais tarde”, afirmou o Presidente norte-americano, citado pela Folha de São Paulo, acrescentando que pretende manter a posse da embarcação.
Por sua vez, Nicolás Maduro declarou que a Venezuela “exige o fim da intervenção brutal e ilegal dos Estados Unidos” no país.
Na mesma conversa com jornalistas, Trump também dirigiu uma ameaça ao Presidente da Colômbia, Gustavo Petro: “É melhor ele ter cuidado, ou será o próximo”. O republicano aproveitou ainda para acusar Bogotá de enviar cocaína para os Estados Unidos.
Estas declarações surgem num momento de forte tensão na região, com a apreensão do petroleiro a aumentar a pressão sobre Caracas e a intensificar o reforço militar norte-americano junto da Venezuela.
Os futuros do petróleo subiram após a notícia da apreensão, depois de terem negociado em território negativo mais cedo durante o dia. O Brent, referência global, estava a ser cotado a 62,35 dólares por barril, mais 41 cêntimos, às 14h32 ET, enquanto o West Texas Intermediate (WTI) dos EUA fechou em alta de 21 cêntimos, a 58,46 dólares por barril.
A Guarda Costeira remeteu perguntas para a Casa Branca, que não respondeu de imediato ao pedido de comentário. O Governo venezuelano também não se pronunciou.
Em Novembro, a Venezuela exportou mais de 900 mil barris de petróleo por dia, a terceira média mensal mais alta do ano, enquanto a empresa estatal PDVSA importou mais nafta para diluir a produção de petróleo extra-pesado. Apesar da pressão crescente sobre o Presidente Nicolás Maduro, Washington ainda não tinha intervindo no fluxo de petróleo do país. As exportações petrolíferas são a principal fonte de receita da Venezuela, que tem vendido o seu crude com descontos significativos para o principal comprador, a China, devido à crescente concorrência com petróleo sancionado da Rússia e do Irão.
O Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, afirmou que o reforço militar dos EUA junto à Venezuela visa derrubá-lo e controlar as vastas reservas de petróleo do país membro da OPEP.
Trump tem levantado repetidamente a possibilidade de uma intervenção militar norte-americana na Venezuela.
Actualizada com as declarações do Presidente norte-americano, Donald Trump, e do Presidente venezuelano, Nicolás Maduro