O projeto viria a ser colocado em prática quando João Coucelo iniciou funções como diretor do Serviço de Urgência do Hospital de Portimão, em julho deste ano. “Eu não estou a inventar a roda”, sublinha, acrescentando que aquilo que fez foi “aliar o conhecimento académico à realidade algarvia e aos seus recursos”.
João Coucelo com Alexandra Ferreira, enfermeira gestora do SUMC e da hospitalização domiciliária
Há dois componentes no projeto: um de cultura organizacional e de trabalho e a implementação do NEWS 2. No primeiro, foi reforçada a organização “do comportamento no serviço de urgência” com uma “assistência constante” e a melhoria da forma como são geridos os tempos das refeições e as pausas para o descanso. “É algo contínuo que exige muita persistência e resiliência”, frisa.
O segundo aspeto é a “melhoria” da conhecida Triagem de Manchester, que consiste num sistema de classificação de prioridade clínica que usa cores para indicar a gravidade dos sintomas e o tempo de espera. João implementou o NEWS 2 – National Early Warning Score – que permite “traduzir os sinais vitais de uma pessoa numa necessidade de resposta, não apenas em termos de tempo, mas também de cuidado”, avaliando parâmetros como a frequência respiratória, saturação de oxigénio, temperatura, pressão arterial e frequência cardíaca, atribuindo uma classificação a cada um deles. Ou seja, perante um doente a quem foi atribuída a cor laranja, o NEWS 2 analisa “que tipo de laranja ele é”, podendo ser “negativo”, caso não haja gravidade ao nível dos sinais vitais, e “positivo” se for verificado o contrário.
“Isto permite que na organização dos médicos para o primeiro atendimento, os laranjas «positivos» ativem o médico da sala de emergência ou o médico triador, que leva a que o doente que está num estado mais grave tenha uma resposta imediata e seja logo encaminhado, após avaliação”, descreve o diretor, frisando que o sistema assiste as pessoas e entrega-as aos médicos de especialidade «semi-orientadas», libertando os clínicos gerais para se focarem nos doentes com as cores amarela e verde.
Além disso, a equipa está a tentar melhorar os “circuitos internos do doente”, bem como os protocolos de atuação rápida, com vista a agilizar situações, por exemplo, em que um doente tem febre, algum tipo de dor ou casos de glicemia: “é uma situação dirigida aos sintomas para que a pessoa não fique sem qualquer tipo de resposta”.
João afirma que “é tudo uma questão de reorganização de pontos críticos de uma forma diferente da que sempre se fez”. No entanto, tem a consciência de que “na saúde, quando se faz alguma coisa diferente tem de estar tudo muito bem fundamentado. Mesmo que tenha resultado noutros sítios há sempre o risco de não correr bem e de o sistema não se adaptar a determinada realidade”.
Tendo como exemplo um dia desta semana, de manhã, o tempo médio de espera para a triagem na Urgência Geral era de 20 minutos. Quanto à espera para a primeira observação, a média era 1h30 – 1h48 par…