O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, garantiu esta terça-feira que está pronto para realizar eleições presidenciais na Ucrânia, em resposta às críticas do homólogo norte-americano Donald Trump, mas pediu aos seus aliados que garantam a segurança do processo. “Estou pronto para as eleições”, frisou o chefe de Estado ucraniano aos jornalistas.
O Presidente norte-americano declarou hoje, em entrevista ao site Politico, que a Ucrânia, que “perdeu muito território”, deveria realizar eleições, acusando Kiev de “usar a guerra” para evitar fazê-lo. “Estou a pedir agora, e afirmo-o abertamente, que os Estados Unidos me ajudem, possivelmente com os meus homólogos europeus, a garantir a segurança para a realização das eleições”, apontou Zelensky.
A lei marcial, em vigor desde o início da grande ofensiva russa contra a Ucrânia, em Fevereiro de 2022, proíbe a realização de eleições nestas circunstâncias. A Ucrânia enfrenta bombardeamentos russos quase diários que afectam todo o seu território, e centenas de milhares de ucranianos combatem na linha da frente.
Zelensky referiu que pediu aos membros do Parlamento que preparassem “propostas sobre a possibilidade de alterar (…) a legislação sobre as eleições ao abrigo da lei marcial”. “Este é um comportamento corajoso e democrático, e uma resistência à guerra”, frisou, por sua vez, a ministra delegada de França no Ministério da Defesa, Alice Rufo.
“Sabemos muito bem que a Rússia irá inevitavelmente interferir nestas eleições de alguma forma. É importante lembrar a todos que o seu país é uma democracia e que está preparada para fazer muito para servir a sua nação. Tem também uma boa razão para exigir que a segurança destas eleições seja garantida”, salientou, em entrevista no canal de televisão francês LCI.
O Presidente ucraniano confirmou ainda que a proposta inicial norte-americana para o fim do conflito estava dividida em três documentos: um acordo-quadro de 20 pontos, um documento sobre garantias de segurança e outro sobre a reconstrução da Ucrânia após a guerra. “São três, é verdade. Estamos a discuti-los com os americanos e já iniciámos conversações com os europeus”, destacou Zelensky, sublinhando que esperava apresentar uma versão actualizada aos Estados Unidos na quarta-feira.
Reconheceu também que a possibilidade de a Ucrânia aderir à NATO estava a diminuir. “Somos realistas, queremos realmente estar na NATO. Na minha opinião, seria o correcto. Mas sabemos com certeza que nem os Estados Unidos, nem alguns outros países, para ser honesto, vêem a Ucrânia na NATO neste momento”, admitiu Zelensky aos jornalistas.
O Presidente ucraniano participará esta quinta-feira, através de vídeoconferência, numa reunião com os líderes da chamada “coligação das vontades”, confirmou Emmanuel Macron esta quarta-feira. O Presidente francês, bem como o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, anunciaram também Reino Unido, França e Alemanha discutiram com o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, as negociações de paz em curso lideradas por Washington para a Ucrânia.
“Os líderes discutiram as últimas novidades sobre as negociações de paz em curso, lideradas pelos Estados Unidos, saudando os seus esforços para alcançar uma paz justa e duradoura para a Ucrânia e pôr fim à morte de civis”, afirmou um porta-voz de Downing Street, acrescentando que o trabalho intensivo no plano de paz continuará nos próximos dias.