“Com base na informação que conseguimos apurar junto de fonte policial, esclarece-se que o corpo encontrado esta manhã com pulseira do Hospital de São Francisco Xavier é de um utente que deu entrada no Serviço de Urgência desta ULS no dia 14 de novembro”. É desta forma que a Unidade Local de Saúde Lisboa Ocidental (ULSLO), que integra a unidade hospitalar situada no Restelo, confirma ao final da tarde desta quarta-feira, dia 10, em comunicado divulgado às redações, que o corpo encontrado por elementos da Divisão de Investigação Criminal (DIC) da PSP de Lisboa, nesta manhã, é de um utente que “foi triado, observado e efetuou vários meios de diagnóstico e terapêutica”.
Na nota enviada, a ULSLO explica que no momento do episódio da urgência o utente se “encontrava orientado e autónomo – e por isso sem necessidade de pulseira de localização”, acrescentando que “o facto de não responder a nova chamada para observação” fez “os serviços tentarem contactar telefonicamente o utente e o contacto de referência, mas sem sucesso. Perante isso, foi feita notificação junto da PSP e foi considerado o abandono do SU pelo utente”.
A ULSLO, que lamenta esta morte, “assegura que desenvolveu todos os esforços, do ponto de vista assistencial e processual, para dar a resposta adequada a esta situação”.
O DN sabe que a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde já solicitou ao hospital mais informações sobre o caso para decidir se abre um processo de inquérito ao caso.
Da parte da PSP, sabe-se que o alerta sobre esta situação foi dado às 11:15, quando os elementos da DIC, que se encontravam a fazer serviço de manutenção (mudança de lâmpadas), se depararam com o corpo junto à Estrada do Forte do Duque, que ladeia o hospital em causa. A PSP isolou o local, comunicando o caso à PJ para investigar a identidade da vítima e as circunstâncias da morte.
O corpo foi levado para o Instituto Nacional de Medicina Legal. As autoridades aguardam agora os resultados da autópsia para esclarecer se existe ou não suspeita de crime.
Recorde-se que este é um segundo caso em que o corpo de um utente que esteve na urgência é encontrado nas imediações do hospital. Há um ano, precisamente a 12 de dezembro de 2024, no mesmo hospital, Avelina Ferreira, de 73 anos, que sofria de demência, deu entrada no mesmo serviço de urgência. O marido foi impedido de a acompanhar e a mulher acabou por sair horas depois do serviço, pelo próprio pé, sem que ninguém se tivesse apercebido. Só horas mais tarde, foi dado a conhecer à família o desaparecimento da utente, cujo corpo só veio a ser encontrado em estado de decomposição na mata junto ao Colégio de São José, sediado junto ao hospital, dois meses depois, a 26 de fevereiro.