Pelo menos uma pessoa morreu e outras 11 ficaram feridas nos incêndios florestais violentos que estão a assolar o Sul de França e que já se transformaram nos maiores do ano. O fogo, que começou nesta terça-feira, já devastou 13 mil hectares entre Carcassonne e Narbonne, disseram as autoridades, e há pelo menos dois mil bombeiros a combater as chamas nesta quarta-feira.
Uma idosa foi encontrada morta em casa, em Saint-Laurent-de-la-Cabrerisse, a cerca de 30 quilómetros da cidade de Perpignan, e outra pessoa, da mesma vila, está desaparecida, avançou a autarquia de Aude. O incêndio destruiu pelo menos 25 casas e obrigou a interditar várias estradas da região. Cerca de 2500 residências da região também estão sem energia. A autarquia, que desempenha a função de autoridade regional, disse, numa nota, que o incêndio florestal estava a espalhar-se “muito rapidamente” e que o fogo “permanecia muito activo”, já que as condições meteorológicas eram “desfavoráveis”.
“O fogo está a alastrar-se numa área onde todas as condições são propícias para a sua propagação. Este incêndio vai manter-nos ocupados durante vários dias”, disse Lucie Roesch, secretária-geral da autarquia de Aude, ao canal de televisão BFMTV.
Na tarde de terça-feira, sete aeronaves lançaram milhares de toneladas de água para impedir que o fogo atingisse várias casas nas vilas de Lagrasse, Fabrezan e Saint-Laurent-de-la-Cabrerisse. Dezenas de turistas, que estavam nos acampamentos de Lagrasse e Fabrezan, foram retirados do local como medida de precaução e cerca de 30 casas na vila de Tournissan também foram evacuadas.
Este é “um desastre sem precedentes”, disse o porta-voz dos bombeiros, Eric Brocardi, à rádio RTL, acrescentando que o fogo estava a espalhar-se a uma velocidade de 5,5 quilómetros por hora. O chefe do corpo de bombeiros local, Christophe Magny, disse à BFM que, com 13 mil hectares de terreno queimado, este já é o maior incêndio do ano e um dos piores que alguma vez atingiram a França, com uma área afectada maior que a cidade de Paris.
A ministra do Ambiente, Agnes Pannier-Runacher, também disse na manhã desta quarta-feira no X que a área afectada por este incêndio equivale ao terreno queimado pelas chamas em toda a França no ano de 2024 e a mais do dobro da área atingida pelos incêndios florestais de 2023.
O fogo espalhou-se “incrivelmente rápido”, segundo disse à agência Reuters a holandesa Renate Koot, que estava de férias em Saint-Laurent-dela-Cabrerisse. “Num minuto estávamos ao telefone com os nossos filhos a ver o incêndio ao longe e no outro tivemos que entrar no carro e fugir, rezar por protecção. Não trouxemos nada connosco, simplesmente fugimos. Estamos bem, milagrosamente.”
“É inacreditável. É uma catástrofe”, disse o espanhol Issa Medina, que estava com a família em Saint-Laurent-de-la-Cabrerisse.
Na terça-feira à noite, o Presidente francês, Emmanuel Macron, recorreu às redes sociais para pedir calma à população. “Todos os recursos do país estão a ser mobilizados”, garantiu. O primeiro-ministro francês, François Bayrou, está a caminho das áreas mais afectadas pelos incêndios e um contingente de mais 300 bombeiros também já foi destacado para a região.
Este não é o primeiro incêndio do Verão a afectar a região, que tem sido assolada pela seca e pelas altas temperaturas. O último, no início de Julho, queimou dois mil hectares e mobilizou quase mil bombeiros para perto de Narbonne.
A vizinha Espanha também está a enfrentar uma onda de calor prolongada desde domingo, que se deve estender até a próxima semana, com temperaturas que vão chegar a 43°C em algumas zonas, ajudando a atiçar vários incêndios florestais.
Os serviços de emergência ainda lutam para apagar um incêndio num hotel de Tarifa, no sul da Espanha, que se acredita ter começado depois de uma caravana ter pegado fogo. Os bombeiros também estão a combater um incêndio florestal que se aproxima de várias casas da cidade de Ponteceso, na região da Galiza. Em Portugal, os incêndios florestais queimaram mais de 42 mil hectares, a maior área ardida desde 2022 e oito vezes mais do que no mesmo período do ano passado. Com agências