Edição: sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

Entre jovens de 14 a 19 anos, as internações diminuíram mais que a metade em cinco anos

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Vitor Cesar especial para o Diário

Após 11 anos da chegada da vacina contra o Papilomavírus Humano (HPV) no SUS, o Brasil apresentou queda no número de internações por doenças causadas pelo vírus. De acordo com a pesquisa realizada pela empresa MSD e publicada na revista Human Vaccines and Immunotherapeutics, as duas consequências patológicas causadas pelo vírus a apresentarem maior diminuição em internações foram as verrugas anogenitais e a neoplasia intraepitelial.

O estudo comparou o número de hospitalizações de jovens entre 15 e 19 anos antes da introdução vacinal e depois da entrada da vacina no Sistema Único de Saúde (SUS), em 2014. O resultado é expressivo entre pessoas do sexo feminino, onde houve uma queda de 66% nas internações por neoplasia intraepitelial cervical e de 77% nas por verrugas anogenitais, entre 2014 e 2019. Entre os meninos, que só obtiveram acesso a vacinação em 2017, mostrou diminuição de quase 51% nas hospitalizações.

Roberto Audyr Barbosa da Silva, diretor técnico  da clínica  de vacinação  Vaccini Petrópolis, fala sobre a redução de um outro efeito do vírus e importância da vacinação para o país. “Um estudo recente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) mostrou que a vacinação conseguiu reduzir em 58% os casos de câncer do colo do útero em mulheres jovens no Brasil. A pesquisa também apontou uma redução de 67% nas lesões graves que poderiam evoluir para o tumor. O aumento da cobertura vacinal é de extrema importância para conseguirmos o efeito de ” proteção coletiva,  onde mesmo os não vacinados se beneficiam quando a cobertura vacinal é alta ocorrendo a redução da circulação dos tipos mais perigosos de HPV

A vacina contra o HPV é gratuita e disponibilizada no SUS. Crianças e adolescentes de 9 a 14 anos, pessoas com HIV, transplantadas e com câncer, usuários de PrEP (Profilaxia Pré-Exposição ao HIV) e pessoas com papilomatose respiratória recorrente, devem se vacinar. Os números – atualizados em 2024 – mostram que, para as meninas, a adesão à vacina é de cerca de 83% e para os meninos, é de 67%, o que coloca o Brasil muito acima da média global medida pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Roberto ainda salienta sobre a diferença do efeito do vírus para meninos e meninas. “A diferença entre o sexo feminino e masculino fica por conta da área  onde as manifestações do HPV aparecem: em meninas, mais na vulva, vagina, colo do útero e ânus; em meninos, mais no pênis (glande), escroto e ânus, mas ambos podem ter verrugas e lesões na boca/garganta, sendo que o HPV causa câncer (ânus, garganta, pênis em homens; colo do útero, vulva, vagina em mulheres), sendo crucial vacinar ambos para prevenir câncer e transmissão”.

Segundo a Secretaria de Saúde de Petrópolis, foram aplicadas em 2025, até o momento, 4.185 doses da vacina contra o HPV, sendo 2.369 em meninos e 1.816 em meninas.

Edição: sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

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