Dos palcos ao ensino, Glória de Matos foi distinguida com vários prémios, um deles pelo clássico “Quem Tem Medo de Virginia Woolf?”. Com uma carreira multifacetada a atriz morreu aos 89 anos
Morreu a atriz Glória de Matos, esta quinta-feira, aos 89 anos. A notícia foi confirmada por uma sobrinha da artista, que foi vítima de insuficiência cardíaca.
“O corpo estará em câmara ardente na Igreja de S. João de Deus em Lisboa, sábado entre as 18h e as 22h e domingo entre as 12h e as 15h30, hora em que decorrerá uma missa de corpo presente e o corpo seguirá para o Cemitério do Alto de S. João”, adianta a nota da família da atriz.
Glória de Matos iniciou a atividade como atriz em 1954, integrando o Grupo de Teatro da Casa da Comédia, onde depois fez parte da direção.
Anos mais tarde, entre 1960 e 1965, continuou a sua formação em teatro fora de Portugal e foi aluna da Bristol Old Vic Theatre School, em Londres, frequentando o Curso Superior de Teatro, com o apoio de uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian.
Já em Portugal, em 1971, a atriz foi distinguida com o Prémio Imprensa, na categoria de Melhor Intérprete de Teatro a propósito da sua interpretação na peça “Quem Tem Medo de Virginia Woolf?”. Um ano depois foi premiada novamente, desta vez com o Prémio Lucinda Simões na categoria de Teatro, de acordo com o comunidado divulgado pela sobrinha.
Glória de Matos foi uma das atrizes de teatro que Manoel de Oliveira frequentemente escolhia para integrar os seus elencos, participando em seis longas-metragens, incluindo Benilde ou a Virgem Mãe (1974), Francisca (1980), Os Canibais (1988), Vale Abraão (1993), O quinto Império (2004) e Espelho Mágico (2005). Na televisão, a atriz chegou a coapresentar o Festival RTP da Canção de 1974, edição que consagrou a canção “E Depois do Adeus” de Paulo de Carvalho.
Fora dos palcos, desenvolveu uma carreira na área da educação como professora. Deu aulas na Escola de Teatro do Conservatório Nacional, entre 1971 e 1975, e na Escola Superior de Teatro e Cinema (ESTC), de 1980 a 1999. Fez ainda parte da Reforma do Ensino Artístico de 1971 a convite de Madalena Perdigão. Lecionou também a disciplina de Expressão Oral no Curso de Mestrado em Comunicação Educacional e Multimédia na Universidade Aberta. Com um currículo que se estende à comunicação social e formação, foi Orientadora no Centro de Formação da RTP durante doze anos. Foi ainda assessora da Secretaria de Estado da Cultura e do Instituto de Artes Cénicas.
A última atuação de Glória de Matos ocorreu em 2017 na peça “Odeio-te, Meu Amor”, de Franz Xaver Kroetz, juntamente com Luís Miguel Cintra numa encenação de Ricardo Pais, no Teatro Nacional D. Maria II.