Uma “zona económica livre” ou uma “região desmilitarizada”. Esta é uma das últimas propostas norte-americanas feitas à Ucrânia. Nas regiões que as tropas ucranianas controlam no Donbass, a administração Trump sugeriu criar uma área neutra — em que nem estariam presentes os ucranianos, nem os russos. “Quem vai governar esse território não se sabe”, adiantou o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que avançou a informação num encontro com jornalistas internacionais.
O Presidente ucraniano manifestou, ainda assim, várias dúvidas sobre a possibilidade de se criar a “zona económica livre”, a que corresponde a cerca de 20% da província de Donetsk que ainda foi não conquistada por tropas russas. “Se as tropas de um lado saem e as do outro lado ficam onde estão, então o que vai travar as tropas russas? Ou o que vai parar que os russos se disfarçam como civis e comandem esta zona económica livre?”, questionou Volodymyr Zelensky.
De qualquer forma, contrariamente ao acordo de 28 pontos, estas parte do Donbass ainda não controlada pela Rússia não seria entregue diretamente a Moscovo. Mesmo assim, a Ucrânia ainda não está totalmente convencida com esta proposta, referiu Volodymyr Zelensky. “Tudo isto é muito sério”, frisou o líder ucraniano. “Não é garantido que a Ucrânia concorde com isto, mas se está a falar de compromisso, então tem de ser um compromisso sério”, destacou.
Neste sentido, o chefe de Estado ucraniano referiu também que, se esta zona económica livre for avante, terá de haver um referendo ou eleições para ratificar a decisão.
Na mesma declaração ao jornalistas, Volodymyr Zelensky disse que o prazo alegadamente dado pelos Estados Unidos para haver um acordo de cessar-fogo até ao Natal é flexível. “Não há prazos ou datas específicas”, destacou o chefe de Estado, que ressalvou, contudo, que os Estados Unidos querem “terminar o mais rapidamente possível” com o conflito.
“Acho que eles querem realmente, ou talvez queiram, ter um entendimento completo de onde estamos com este acordo até ao Natal”, frisou Volodymyr Zelensky, que disse que deseja um acordo “o mais rapidamente possível”.
Ainda em relação às exigências norte-americanas, Donald Trump tem sugerido recentemente que a Ucrânia deve organizar eleições presidenciais, que já não são realizadas desde 2019 por causa da lei marcial em vigor no país. Em resposta, numa reunião da Coligação das Vontades, o Presidente ucraniano confirmou que Kiev não “se está a esconder da democracia”. Mas fez uma exigência de uma “componente de segurança” para que haja eleições: um cessar-fogo.
Volodymyr Zelenksy comunicou esta exigência na reunião da Coligação das Vontades, cujos 33 membros se reuniram esta quinta-feira por videoconferência. O Presidente ucraniano sublinhou o cessar-fogo é essencial para o normal funcionamento de um processo eleitoral. “Isto é algo que deve ser discutido. Acreditamos que o lado norte-americano deve falar com o lado russo.”