O tom foi definido pelo próprio primeiro-ministro e pelo ministro da Presidência no decorrer da greve geral desta quinta-feira, tendo ficando imortalizado no título de um artigo publicado no portal do Governo: “Greve geral – o país está a trabalhar.” No dia seguinte à paralisação, os governantes continuar a relativizar os impactos da greve.
O ministro de Estado e das Finanças, desde Bruxelas, falou em “pequenas situações de alguns serviços públicos em que se sentiu algum efeito da greve”, mas, “no geral, o país trabalhou”. Joaquim Miranda Sarmento acrescentou ainda, citado pela Lusa, que “basta ver que o consumo de electricidade esteve mais ou menos ao nível daquilo que é habitual num dia útil” e que os levantamentos nos multibancos também não fugiram do padrão. “A maioria da administração pública esteve a trabalhar e a esmagadora maioria do sector privado esteve a trabalhar”, acrescentou.
A falar do sector que tutela, também em Bruxelas, o ministro da Agricultura e Pescas, José Manuel Fernandes, admitiu que “a greve tem sempre impacto”, mas que foi “notório que houve um reduzido impacto na iniciativa privada e nos agricultores”. “Nunca deixam de trabalhar”, vincou o ministro, em modo de elogio aos agricultores por não deixarem faltar “comida na mesa”.
Já na área da saúde – com a Federação Nacional dos Médicos a falar numa adesão de 90% dos clínicos à paralisação –, a ministra foi abordada por jornalistas sobre o tema. Limitou-se a dizer que “o Governo já falou sobre essa matéria”, subscrevendo “totalmente aquilo que o Governo disse”.
Por seu lado, Fernando Alexandre, ministro da Educação, Ciência e Inovação, reconheceu o impacto nas escolas, até como forma de desvalorizar a nova greve desta sexta-feira. “Tivemos 50% das escolas fechadas, ontem [quinta-feira] teve impacto no sector da educação”, afirmou o governante, falando em 8% de escolas fechadas nesta sexta-feira na greve de trabalhadores da função pública.
E a governante com a pasta do Trabalho – que não teve agenda pública nos últimos dias – enviou uma nota à Lusa para informar que, apesar da greve geral, que “interrompeu o processo negocial que estava em curso”, convocou uma reunião para a próxima terça-feira para dar seguimento às negociações.