O último dia do ano ficou marcado por uma despedida sentida no mundo artístico português. Manuel Luís Goucha recorreu às redes sociais para lamentar a morte de Glória de Matos, atriz de referência na televisão e no teatro, e cuja elegância, inteligência e entrega à arte deixaram marcas profundas em várias gerações.

Numa publicação carregada de memória e emoção, o apresentador recordou a primeira vez que ouviu falar do nome da atriz:

“A minha primeira memória é como espetador, ainda adolescente. Havia terminado o Zip-Zip, o programa que, em 1969, marcou a televisão portuguesa (…)”.

Manuel Luís Goucha descreve com detalhe o impacto daquele formato que, com Raul Solnado, Carlos Cruz e Fialho Gouveia, revolucionou a televisão nacional, e como, pouco depois, Glória de Matos surgiria no programa Curto Circuito, ao lado de Artur Agostinho e Laura Soveral. O apresentador confessa ter ficado impressionado, na altura, com o “perfeito inglês de Glória”, sem imaginar que a atriz trazia na bagagem formação na prestigiada Old Vic, em Londres.

“Fascínio ouvi-la falar do seu amor maior, Henrique Mendes”

Com o passar dos anos, Manuel Luís Goucha deixou de ser apenas o jovem telespetador e tornou-se colega de profissão. Dessas conversas, guarda um fascínio especial pela forma apaixonada com que Glória de Matos falava sobre o marido, Henrique Mendes, e sobre o seu amor pelo teatro.

“Era feroz quanto aos ‘tratos de polé’ que a nossa língua mátria sofria, nomeadamente na televisão”, relembra, sublinhando o respeito profundo que a atriz tinha pela palavra dita.

Entre confidências, gargalhadas e cumplicidades, uma expressão ficou eternizada entre ambos: “tefone pa cá!”, uma memória que Goucha revisita com carinho.

“Só posso sentir-me grato”

A despedida termina com um agradecimento sentido:

“Senhora de requinte e fina ironia, das que mais gostei de conhecer. Hoje, só posso sentir-me grato e feliz pelas vezes que a tive na minha vida.”

A morte de Glória de Matos deixa uma lacuna no panorama artístico português, mas também um legado de rigor, talento e elegância que permanece vivo na memória de quem a acompanhou ao longo das décadas.

Veja, agora, a publicação de Manuel Luís Goucha.