O Grande ABC tem 11.552 pessoas que vivem com HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana) em tratamento pela rede municipal. Graças à terapia antirretroviral, elas podem ter uma vida longa e saudável. Porém, ainda enfrentam o preconceito que permeia essa população, luta representada pela campanha Dezembro Vermelho. 

“As pessoas que vivem com HIV podem ter uma vida normal. A medicação tem boa eficácia, pouco efeito colateral e inibe o crescimento do vírus, inclusive o tornando indetectável e deixando de transmitir. O principal problema hoje, e para o qual não tem um remédio, é o preconceito”, afirma o médico e coordenador da Infectologia do Hospital Albert Sabin-HAS-SP, Gustavo Dittmar. 

O HIV é transmitido por meio de contato com sangue e fluidos corporais da pessoa contaminada, como em transfusão de sangue, compartilhamento de seringas, de objetos cortantes, e em relações sexuais sem proteção, o que torna o paciente bastante estigmatizado. 

A prevenção é feita evitando tais situações e com medicação profilática antes e após a possível exposição ao vírus. Existem medicamentos de uso contínuo que previnem a contaminação e remédios indicados para quem se expôs ao risco que atua em até 72 horas do ocorrido. De acordo com o infectologista, a testagem periódica também é uma forma de prevenção, pois se a doença for detectada precocemente, o tratamento será mais eficaz. 

Dittmar enfatiza que, quem faz o tratamento e baixa a carga viral ao ponto de o vírus não ser detectado em exames, pode até manter relações sexuais sem preservativo. 

De acordo com o médico, as pessoas com HIV possuem uma expectativa de vida maior que a população que não tem, pois o tratamento demanda visitas semestrais ao médico. “Quem faz check-up a cada seis meses? Estes pacientes acabam tendo a oportunidade de diagnosticar mais precocemente as comorbidades e ter um controle”, destaca. 

Vale ressaltar que nem toda pessoa com HIV vai desenvolver a Aids (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida), principalmente se estiver em tratamento. Neste estágio mais avançado da infecção o corpo fica com o sistema imunológico debilitado e mais vulnerável a doenças graves.

CRIANÇAS

Outra forma de contaminação, e principal via de infecção em crianças, é a transmissão vertical do HIV, quando o vírus passa da mãe para o filho. Ela pode acontecer na gestação, por meio da placenta, no parto, quando há contato com secreções, ou na amamentação. O médico destaca, porém, que essa forma de contágio é praticamente zero no Brasil, graças aos avanços do tratamento antirretroviral. 

CAMPANHA

Este mês é marcado pela campanha Dezembro Vermelho, período dedicado à prevenção e ao enfrentamento do HIV/Aids. A iniciativa busca ampliar o acesso à informação, combater o estigma, estimular o diagnóstico precoce e o tratamento integral. Na região, as cidades promovem ações educativas e intensificam a oferta de testes rápidos, seguros, gratuitos e sigilosos.