A OpenAI lançou dois modelos de inteligência artificial (IA) “abertos” e gratuitos esta terça-feira, o GPT-OSS-120b e o GPT-OSS-20b. Há seis anos que a dona do ChatGPT não lançava um modelo deste tipo. O lançamento de um modelo “aberto” é feito depois da popularidade conquistada por opções como a DeepSeek, também com modelos abertos, tal como a Meta, que tem o Llama.

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Os vários modelos de IA que a OpenAI tem lançado, como o Sora ou o GPT-4, são modelos “fechados”, ou seja, que são controlados por quem os desenvolve e que não podem ser alterados pelos utilizadores. Habitualmente, também não são especificados que dados foram usados para treinar o modelo. Por sua vez, os modelos “open weight”, como é o caso deste lançamento, podem ser adaptados e personalizados para diferentes propósitos.

No anúncio da OpenAI é descrito que podem ser usados para tarefas que impliquem raciocínio, fazer pesquisas online pelo utilizador, escrever código ou ainda para fazer funcionar agentes para determinadas tarefas. Só vão conseguir produzir texto, deixando tarefas ligadas a imagem e a vídeo para outros modelos do catálogo da OpenAI. Os modelos têm uma licença Apache 2.0, que permite que sejam modificados para fins comerciais. Porém, não são considerados modelos completamente open source, já que a empresa não apresentou detalhes sobre os dados de treino, conforme nota a Bloomberg.

Estas duas novidades da OpenAI têm ainda a particularidade de “raciocinar” — ou seja, detalharem ao utilizador quais foram os passos dados para adotar determinado tipo de comportamento. Também o grau de raciocínio pode ser ajustado.

No nome de cada um dos modelos é feita a referência à quantidade de parâmetros (os valores internos de um modelo, quase o “conhecimento” e contexto que tem). O GPT-OSS-120B tem 120 mil milhões de parâmetros. Com uma maior dimensão, é um modelo “aberto” concebido para ser usado em centros de dados e em portáteis e computadores mais avançados. Este modelo pode ser executado com uma unidade de processamento gráfica (GPU) da Nvidia e assumir um desempenho semelhante ao modelo O4-mini, um dos modelos proprietários da OpenAI.

Já o GPT-OSS-20 tem 20 mil milhões de parâmetros. É apresentado pela OpenAI como um modelo de dimensão média, que foi otimizado para ser usado na “maioria dos computadores de secretária e portáteis”, já que precisa de 16 GB de memória.

Os dois modelos foram disponibilizados através do repositório de software Hugging Face, mas também em plataformas como a Databricks ou a Amazon Web Services (AWS). Já esta quarta-feira, a Microsoft anunciou que também vai ser possível aceder aos modelos através da Windows AI Foundry, uma plataforma onde estão concentrados vários recursos ligados à área da IA.

A última vez que a OpenAI lançou um modelo “aberto” foi em 2019, com o GPT-2, um antecessor do motor que fazia mexer o ChatGPT em 2022, quando foi lançado. Desde então o chatbot já funciona com modelos mais recentes lançados

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Em janeiro, depois de a DeepSeek lançar o modelo R1, capaz de raciocinar e supostamente desenvolvido com um orçamento mais reduzido, Sam Altman revelou que a OpenAI estaria a ponderar o lançamento de modelos “abertos”. No entanto, explicou que a tecnológica precisava de “perceber uma estratégia diferente de open source“.

Numa publicação no X, a 12 de julho, Altman explicou que tinham planos para lançar um modelo “open weight” na semana seguinte, mas que tinham decidido “adiá-lo” para fazer “testes adicionais de segurança e avaliar áreas de alto risco”.

Relativamente às questões de segurança, a OpenAI diz no anúncio que estes modelos GPT-OSS têm um “desempenho semelhante aos dos modelos de vanguarda [modelos “fechados”] nos parâmetros internos de segurança”.

Noutro campo, no dos modelos proprietários, a Reuters avança que a OpenAI estará a preparar-se para o lançamento do modelo GPT-5, citando duas pessoas que já tiveram acesso à novidade para fazer testes.

Internamente, haverá ainda outra coisa a mexer na OpenAI: a possibilidade de uma venda de ações de funcionários, como escrevem meios como a Bloomberg, Reuters e o Financial Times.

Citando fontes próximas das discussões, que ainda estarão numa fase inicial, é dito que a venda permitiria elevar a avaliação da OpenAI para 500 mil milhões de dólares, uma subida considerável em relação à última avaliação de 300 mil milhões.

Esta transação permitiria a antigos e atuais funcionários venderem ações da empresa. A acontecer, surge depois do anúncio do investimento de 40 mil milhões de dólares feito pelo grupo japonês SoftBank, a maior ronda privada de financiamento na indústria tecnológica.

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