Triunfou no adeus aos Pirenéus. E agora no adeus aos Alpes.
As mãos a cobrir o rosto ao passar na meta. Depois as mãos ao peito. A seguir, as lágrimas e o notório esgotamento físico, sentado no chão. Sem falar, tudo isto (e um suspiro) disseram tudo.
Thymen Arensman venceu, esta sexta-feira, a 19.ª e antepenúltima etapa da Volta a França. Na despedida dos Alpes, o ciclista neerlandês da INEOS Grenadiers fugiu a Tadej Pogacar e Jonas Vingegaard a cerca de 13 quilómetros da chegada a La Plagne – numa etapa que foi encurtada – aguentou as distâncias e somou a sua segunda vitória nesta edição do Tour.
VÍDEO: o último quilómetro da etapa foi assim
Num dia em que se esperava natural ambição de Pogacar somar uma vitória em etapa nos Alpes, foi Arensman a bisar no Tour, depois da chegada em primeiro a Luchon-Superbagnères, na etapa 14. O neerlandês cavou uma diferença que, até à entrada do último quilómetro, rondou os 20 a 30 segundos. Mas, nos últimos mil metros, foi sofrer, sofrer… e dar as últimas pedaladas entre enorme expectativa. É que Vingegaard deu um ataque final nos últimos 400 metros à procura da etapa, seguido por Pogacar…
…Mas deu mesmo para Arensman. Por dois segundos!
O ciclista da INEOS Grenadiers cortou a meta o fim de 02h46m06s, seguido por Vingegaard e Pogacar, ambos a dois segundos de distância. Florian Lipowitz (Red Bull-Bora-Hansgrohe) quebrou nos metros finais face ao duo da frente da classificação geral e foi quarto na etapa, a seis segundos. Porém, o alemão também saiu vencedor da jornada, ao reforçar o terceiro lugar da geral, face à perseguição do escocês Oscar Onley (Picnic PostNL), quinto na etapa, a 47 segundos.
«Estou destruído. Parece que estou a sonhar, nem sei bem o que fiz», disse Arensman, nas primeiras declarações aos canais do Tour, na flash interview, após a vitória.
Vingegaard ganhou dois segundos, mas de pouco vale
Nas contas da geral, Pogacar segue líder e com a camisola amarela (69h41m46s), com 04m24s de vantagem para Pogacar. O dinamarquês reduziu a desvantagem em dois segundos graças às bonificações, mas de pouco vale na luta pela camisola amarela, à partida para as duas últimas etapas.
A chegada vitoriosa de Arensman:
Lipowitz com o pódio na mão
Na luta pelo terceiro lugar, Oscar Onley quebrou a dois quilómetros da meta, Florian Lipowitz mediu esforços e distâncias e acelerou, acompanhado de Pogacar e Vingegaard, antes de o dinamarquês sprintar nos últimos metros para ser segundo na etapa.
Porém, a quebra de Onley permitiu a Lipowitz ganhar tempo e ficar com o lugar de pódio no Tour na mão. Reforçou o terceiro lugar, agora a 11m09s de Pogacar, mas com vantagem aumentada para Onley, quarto, a 12m12s do líder.
Roglic derrotado do dia no top-10
O trambolhão do dia no top-10 da geral foi do esloveno Primoz Roglic (Red Bull – Bora – Hansgrohe), que foi 27.º na etapa (+12m39s) e caiu três lugares, sendo agora oitavo, a 25m30s de Pogacar. Se partiu para a etapa ainda a sonhar com o pódio da geral… tudo caiu por terra. Com isto, o austríaco Felix Gall (Decathlon AG2R La Mondiale) subiu um lugar e o norueguês Tobias Johannessen (Uno-X Mobility) dois, sendo quinto (a 17m12s) e sexto (a 20m14s), respetivamente.
O sétimo é o francês Kévin Vauquelin (Arkea-B&B Hotels) a 22m35s e o top-10 fecha com o irlandês Ben Healy (EF Education – Easypost) a 28m02s e com o australiano Ben O’Connor (Jayco Alula) a 34m34s.
No sábado, a 20.ª e penúltima etapa tem 184,2 quilómetros, liga Nantua a Pontarlier e conta com uma contagem de montanha de segunda categoria, uma de terceira e duas de quarta.