Um rabino responsável pela organização da celebração de Hanucá em Bondi Beach que escreveu ao primeiro-ministro australiano a pedir que não reconhecesse o Estado palestiniano e um ucraniano sobrevivente do Holocausto foram identificados como duas das 15 vítimas do ataque deste domingo em Sydney, na Austrália.

O rabino britânico Eli Schlanger é uma das vítimas confirmadas, de acordo com o que informou a sua família à BBC, enquanto a mulher do ucraniano Alex Kleytman confirmou ao Daily Mail que o marido morreu ao protegê-la do atirador. Entre as vítimas mortais há igualmente um israelita e uma menina de 12 anos, cujas identidades ainda não foram reveladas e um cidadão francês. A morte de Dan Elkayam foi anunciada pelo ministro francês dos negócios estrangeiros.

Um dos atiradores também morreu no tiroteio.

Eli Schlanger, de 41 anos, é pai de cinco filhos, sendo que um deles nasceu em outubro deste ano. O rabino, um dos organizadores do festival judaico em Bondi Beach, tinha partilhado nas redes sociais em setembro uma mensagem dirigida ao primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, a pedir-lhe que apoiasse Israel e não assinasse o reconhecimento do Estado palestiniano. “Como rabino em Sydney, imploro que não traia o povo judaico, e muito menos o próprio Deus”, escreveu. “Judeus foram arrancados das suas terras repetidas vezes por líderes que agora são lembrados com desprezo nas páginas da história. Tem a oportunidade de ficar do lado da verdade e da justiça”, pediu o rabino ao chefe de Governo australiano, que reconheceu o Estado da Palestina em setembro, decisão tomada juntamente com outros países.

Schlanger apoiava a ofensiva israelita em Gaza, e em outubro de 2023, duas semanas depois do ataque do Hamas que deu início à guerra, chegou a visitar as forças de defesa israelitas na linha de frente, pousando para fotografias com mísseis. Na altura, o rabino também visitou um hospital onde se encontrou com soldados feridos durante o conflito. Noutra partilha, Schlanger aparece a receber uma bênção de um soldado, referindo-se ao militar como “uma das pessoas mais sagradas do mundo”. Já em outubro deste ano, o rabino fez uma publicação no Instagram sobre um ataque a faca numa sinagoga em Manchester que fez dois mortos. “Este ataque deve servir como uma incentivo para dar força, clareza e unidade. O povo judaico já enfrentou tragédias antes, mas nunca se quebrou. Deixemos que este momento lembre-nos a todos: mantenhamo-nos orgulhosos como judeus com coragem e fé”.

Outra vítima que já foi identificada pela família é Alex Kleytman, um homem ucraniano que sobreviveu ao Holocausto e a uma passagem pela Sibéria. Em declarações ao Daily Mail, a sua mulher, Larisa Kleytman, diz que o casal veio de Mattraville, a 11 quilómetros de Bondi Beach, para participar nas celebrações de Hanucá. “Acho que foi baleado porque levantou-se para me proteger”, afirmou a mulher. Os dois são casados há 57 anos, têm dois filhos e 11 netos. Imigraram para a Austrália da Ucrânia, depois de sobreviverem ao Holocausto. Em declarações em 2023 à instituição de caridade australiana JewishCare, Alex falou sobre como sobreviveu a condições extremas na Sibéria com a mãe e o irmão mais novo.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel também confirmou que pelo menos uma vítima mortal e um ferido são nacionais israelitas, avança o Times of Israel. O cônsul israelita deve visitar no hospital o cidadão ferido e está em contacto com a família da vítima, sem revelar detalhes sobre as identidades dos dois afetados pelo ataque. Entre as vítimas também estará uma menina de 12 anos, confirmou à CNN o vice-presidente do Executive Council of Australian Jewry, órgão de representação da comunidade judaica na Austrália, Alexander Ryvchin. “Um dos meus amigos perdeu a filha de 12 anos, que sucumbiu aos ferimentos no hospital”, disse.

O ataque resultou em 16 mortos e 38 feridos, sendo que um deles é um dos dois atiradores — o outro foi detido pela polícia australiana. Um dos homens responsáveis pelo ataque foi identificado como Naveed Akram, de 24 anos, residente no bairro de Bonnyrigg no sudoeste da cidade de Sydney, entretanto ainda não se sabe se terá sido Akram a morrer durante o tiroteio.