É uma hipótese cada vez mais provável. A Ucrânia poderá organizar eleições presidenciais em breve, seis anos depois das últimas, em que Volodymyr Zelensky venceu confortavelmente com 73% dos votos. Se não houvesse guerra, o país deveria ter ido a votos em maio do ano passado. No entanto, a implementação da lei marcial proíbe a organização de atos eleitorais e o atual Presidente tem-se mantido no cargo por causa disso. A Rússia sempre contestou a legitimidade do chefe de Estado e Vladimir Putin recusou por várias vezes assinar um acordo com um líder com o mandato expirado. Mas agora os Estados Unidos da América (EUA) estão também a pressionar Volodymyr Zelenky a avançar com eleições — e o Presidente não se tem oposto, mas impôs uma condição.
“A Ucrânia não tem medo da democracia”, afirmou Volodymyr Zelensky, numa reunião da Coligação das Vontades esta quinta-feira. O Presidente da Ucrânia referiu, contudo, que será necessária uma trégua para que se realizem eleições para o normal funcionamento do processo eleitoral. “Isto é algo que deve ser discutido. Acreditamos que o lado norte-americano deve falar com o lado russo”, destacou o chefe de Estado. Por sua vez, a Rússia rejeitou, esta sexta-feira, a possibilidade de um cessar-fogo temporário. “Não vai funcionar. Queremos trabalhar para a paz, não para uma trégua”, enfatizou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.
A pressão norte-americana pode, ainda assim, obrigar a liderança da Ucrânia a convocar eleições, mesmo que isso seja contra a sua vontade. Numa entrevista ao Politico, o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acusou o governo ucraniano de “usar a guerra para não realizar eleições”: “Eu penso que o povo ucraniano deve fazer uma escolha. E talvez Zelensky ganhe. Eu não sei quem vai ganhar. Mas eles não têm uma eleição há muito tempo. Eles falam sobre democracia, mas chega a um ponto em que já não é mais uma democracia”.