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No início do século XVIII, em 1705, nascia João Ribeiro, que se casaria com Joana Francisca, cinco anos mais nova. Viviam em Infantas, Guimarães, e são os antepassados mais recentes comuns a Luís Marques Mendes, seu sétimo neto, e a um antigo Presidente da República: Jorge Sampaio, sexto neto do mesmo casal.

Há ainda um outro “notável”, imagine-se, que disputou uma inédita (e, até hoje, única) segunda volta de umas eleições presidenciais em Portugal — foi há 40 anos e esse candidato é primo de Marques Mendes em circunstâncias similares às de Sampaio. Nessa corrida estiveram Soares e Freitas do Amaral. Qual dos dois será? Lá iremos.

A poucas semanas das eleições presidenciais, o Observador traçou a árvore genealógica dos principais candidatos para conhecer a história familiar de cada um. Através de uma parceria com a Associação Portuguesa de Genealogia, que desenvolveu a investigação histórica e científica, foi possível recuar vários séculos para descortinar a sucessão de acasos históricos e familiares que conduziram ao nascimento de cada um dos candidatos — e que ajudam a compreender o contexto mais profundo de que cada um deles é produto.

No caso de Luís Marques Mendes, foi possível recuar até ao início do século XVII e documentar mais de uma centena de ascendentes diretos, cuja memória permite reconstituir o percurso de uma família que geograficamente tem origem em quatro distritos: Braga, Porto, Guarda e Viseu. A frase célebre um sketch de Herman José, “este homem não é do Norte”, não poderia ser, de todo, aplicada a Marques Mendes. A maioria dos seus ascendentes mais próximos nasceu na região Norte, embora os apelidos Marques Mendes, pelos quais o candidato é conhecido, tenham origem na Beira Alta.

Recuando algumas gerações, dos 16 trisavós de Marques Mendes, oito nasceram no distrito de Braga, três no distrito do Porto, dois no de Viseu e outros dois no distrito da Guarda.

A árvore genealógica de Marques Mendes revela, também, uma série de relações familiares inesperadas: pelo lado da mãe, o candidato é primo de duas personalidades ligadas à corrida a Belém. Uma, já revelámos: foi Jorge Sampaio, Presidente da República entre março de 1996 e março de 2006. Para conhecer a outra figura política com que Marques Mendes partilha laços familiares, e que também esteve intimamente ligado a umas presidenciais, terá de continuar a fazer scroll e ler mais um pouco.

É também, curiosamente, pelo lado da mãe que os especialistas desconfiam de uma terceira ligação familiar de Mendes — que a documentação (ainda) não conseguiu provar de forma indiscutível — ao atual Presidente da República.

Os oitavos avós de Marcelo Rebelo de Sousa, Pedro Gonçalves e Domingas Gonçalves, têm o mesmo nome e apelido dos sextos avós de Luís Marques Mendes. Têm origem no mesmo distrito, no mesmo concelho, na mesma freguesia e até no mesmo lugar (Cerdeira, Ribas, Celorico de Basto). Nasceram, inclusive, no mesmo século, o XVII. Mas, entre as datas de nascimento de um casal e do outro, há 50 anos de diferença.

Perante todas estas coincidências, mas, para já, sem certezas documentadas, os especialistas limitam-se a dizer que “é provável” que uma ou mais linhas do apelido Gonçalves tenha parentesco próximo entre Mendes e Marcelo.

Foi possível identificar 16 antepassados de Marques Mendes nascidos no século XVII — o período histórico mais recuado a que conseguimos chegar.

O mais antigo antepassado do ex-líder do PSD que podemos identificar pelo nome nasceu há 410 anos, em 1615.

Trata-se de Domingos Gonçalves, nono avô de Marques Mendes, casado com Domingas Francisca, a nona avó do candidato.

A linha do apelido materno do candidato (Gonçalves) provém da freguesia de Ribas, em Celorico de Basto, resultando da convergência de várias linhas com este mesmo apelido em Joana Gonçalves, sexta avó do candidato, nascida no lugar da Cerdeira dessa mesma freguesia.

Joana Gonçalves era filha de Francisco Gonçalves e Teresa Gonçalves, ambos de Cerdeira. O mesmo Francisco era filho de Pedro Gonçalves e Domingas Gonçalves, que viviam também naquela localidade, em finais do século XVII.

Podemos deter-nos por um momento na história deste casal: Pedro e Domingas, oitavos avós de Marques Mendes, casaram em Ribas, Celorico de Basto, a 5 de outubro de 1682 – ano em que Luís XIV mudou a corte francesa para Versalhes e em Portugal governava Afonso VI.

Domingas era filha de Catarina Gonçalves (nascida em 1625) e Domingos Álvares. E Pedro era filho de Domingas Francisca e Domingos Gonçalves.

Domingos Gonçalves e Domingas Francisca são os nonos avós de Marques Mendes e bisavós de Joana Gonçalves, pela linha familiar que nos permite recuar mais na árvore genealógica de Marques Mendes.

Os quatro oitavos avós de Marques Mendes no ramo do apelido Gonçalves viveram em Cerdeira, um lugar dentro de Ribas, freguesia de Celorico de Basto. Os sétimos avós também eram do mesmo lugar.

É provável que uma ou mais destas linhas de apelido Gonçalves tivessem parentesco próximo com ascendentes que o atual Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, tinha no lugar de Cerdeira.

Marcelo Rebelo de Sousa

Marcelo é o oitavo neto de Pedro Gonçalves e Domingas Gonçalves, nascidos em princípios do século XVII e residentes no mesmo lugar. Apesar de homónimos, os oitavos avós de Marcelo não devem ser confundidos com os oitavos avós de Mendes, que são 50 anos mais novos que os do atual Presidente da República. Porém, ao serem familiares com o mesmo nome e apelido e a viver no mesmo lugar, a probabilidade de serem familiares é elevada.

Marcelo Rebelo de Sousa e os pais

Voltamos a Joana Gonçalves, a sexta avó do candidato. É também a partir da descendência deste antepassado que ficamos a conhecer mais em detalhe o ramo familiar da mãe de Marques Mendes.

Joana Gonçalves casou a 13 de junho de 1762 em Veade, Celorico de Basto, com João da Mota. Na altura, já D. José era o Rei de Portugal.

A partir da descendência do casal — Bento José Gonçalves nasce em Gagos, Celorico de Basto, em 1765 —, o apelido foi sendo sempre transferido por varonia, permanecendo durante quase um século naquela freguesia. Há, no entanto, um momento de viragem: quando o bisneto de Joana Gonçalves, Gervásio Gonçalves, casa com Albina Maria Fernandes, de Cepães, Fafe — concelho que se revelará fundamental na história do núcleo familiar mais restrito de Marques Mendes.

Do casamento entre Gervásio Gonçalves — tetravô do candidato, que tem o mesmo nome do avô de Marques Mendes – e Albina Fernandes nasce Francisco Gonçalves, o bisavô de Marques Mendes em Cepães, Fafe. A linhagem já não sai de Fafe até ao nascimento da mãe de Marques Mendes, Maria Isabel Gonçalves. É, aliás, percorrendo o ramo de antepassados da mãe do candidato que chegamos à informação documentada de que Marques Mendes é parente de um antigo Presidente da República e de um antigo candidato presidencial. Terá esse segundo primo de Mendes chegado, também ele, a Belém? É isso que vamos perceber já a seguir.

Os apelidos Marques e Mendes, que formam o nome profissional e político do candidato, provêm ambos de ascendentes do lado do pai do ex-líder do PSD, António Joaquim Bastos Marques Mendes.

O apelido Marques é aquele onde conseguimos recuar menos, mas mesmo assim é possível chegar ao quinto avô do candidato: José da Fonseca Marques (ou “Marcos”, dúvida que os documentos existentes não permitem esclarecer). José nasceu em Fornos de Algodres, na freguesia de Figueiró da Granja. Sabemos quem são os pais de José (sextos avós do candidato), em cujos nomes não encontramos quaisquer sinais da presença de um “Marques”: chamavam-se João da Fonseca e Josefa Gomes. Não havendo vestígios de “Marques” nestes antepassados, surgem duas hipóteses: ou a linha desse apelido nasce com José, ou o apelido saltou pelo menos uma geração e foi recuperado por João e Josefa, que o incluem no nome desse seu filho.

Na geração seguinte, o apelido passa para a freguesia de Juncais, também no concelho de Fornos de Algodres, onde já foi nascer o filho de José, Manuel Marques. Manuel casa com Mariana de Pina e, à boleia dessa união, o apelido volta para Figueiró da Granja.

O nome de família permanece nessa freguesia até Joaquim Marques Mendes, avô paterno do candidato, casar em Arões (antiga São Romão) com Antónia Pereira da Costa Bastos. Começa a ligação do lado paterno do candidato a Fafe. Joaquim Marques Mendes foi diretor de Serviços nos Correios, Telégrafos e Telefones e o seu filho António (o pai de Marques Mendes) já nasceu em Paranhos, no Porto, em 1934.

Percorrida a linha dos “Marques”, vamos agora à origem do segundo e último apelido. Na linha do apelido Mendes, o antepassado mais antigo que foi possível identificar foi a sexta avó do candidato: Maria Mendes nasceu em Figueiró da Granja em 1675 e casou, no mesmo local, com Manuel de Almeida Brás, cinco anos mais velho. Figueiró da Granja já tinha sido um local onde durante anos teve continuidade o outro apelido do lado paterno (o Marques).

A partir de Maria Mendes, o apelido passa a ser transmitido sempre por via masculina, juntando-se-lhe o apelido Marques pelo casamento dos trisavós do candidato, João de Almeida Mendes e Joaquina Marques de Pina, em 1844, em Figueiró da Granja.

Registo de casamento de João de Almeida Mendes e Joaquina Marques de Pina

O filho de João de Almeida Mendes e de Joaquina Marques de Pina, José, ainda nasceu em Figueiró da Granja. José não fica com o apelido da mãe (Marques) – que aí podia ter ficado perdido –, mas depois inclui-o no nome do filho, Joaquim Marques Mendes. O avô do candidato presidencial é o primeiro “Marques Mendes”, que ainda nasce em Figueiró da Granja, mas foi o último a ter uma ligação àquele lugar. Este ramo da família segue, à boleia do avô, para a zona Fafe.

Na linha masculina pura do candidato, que do ponto de vista genético está associada à transmissão do cromossoma Y, o antepassado mais antigo conhecido é assim Manuel de Almeida Brás, que nasceu em Casal das Donas, em Penalva do Castelo. Após o casamento com Maria Mendes, como já vimos atrás, a linha masculina pura do candidato coincide com a linha do apelido Mendes.

Quanto à linha feminina pura do candidato, geneticamente associada à transmissão de ADN mitocondrial, a antepassada mais antiga que foi possível documentar foi a décima avó, Antónia Leite, nascida em 1620, que em meados do século XVII vivia no lugar da Quebrada, freguesia de Jugueiros, Felgueiras.

Antónia Leite teve uma filha, Maria Leite, de quem não foi possível identificar o pai. A linha permanece no concelho de Felgueiras até chegar a São Martinho de Silvares, em Fafe, onde já nasce Maria Leite, neta da sua homónima, e bisneta de Antónia.

Duas gerações mais tarde, esta linha regressou ao concelho de Felgueiras para se estabelecer na freguesia de Sendim, onde no lugar de Codeçais nasceu a neta de Maria Leite, Custódia Leite.

Custódia Leite teve uma filha, Maria Teresa Leite, que nasceu em 1794. Foi a última de sete antepassados consecutivos a manter a transmissão do apelido por via feminina. Esta linha da família acabaria por regressar a Jugueiros, onde já nasceu, em 1902, a avó materna do candidato, Isabel Teixeira. O pai de Isabel e bisavô materno do candidato vai ser fundamental para a relação de parentesco com um notável ex-candidato presidencial. Mas, antes de lá irmos, terminemos o ramo da árvore do lado da linha feminina pura: Isabel, avó do candidato, casou com Gervásio Gonçalves, um industrial (que casaria mais tarde uma segunda vez), passando a linha para Cepães, Fafe. Foi nessa localidade que nasceu, em 1932, a mãe de Luís Marques Mendes, Maria Isabel Gonçalves.

Voltamos a subir na árvore pelo lado materno para chegar aos parentescos notáveis. Regressemos a um ramo de ascendência da freguesia de Infantas, Guimarães, onde os documentos permitem detetar parentesco com o antigo Presidente da República, Jorge Sampaio.

Jorge Sampaio por Paula Rego

Tudo começou em Infantas, Guimarães, na primeira metade do século XVIII, quando João Ribeiro, então com 30 anos, e Joana Francisca, com 25, tiveram dois filhos: Manuel Ribeiro, que nasce em 1735, e João Ribeiro, que nasce uma década mais tarde.

Luís Marques Mendes é o sétimo neto deste casal, enquanto Jorge Sampaio é o sexto neto dos mesmos. São, por isso, como é evidente, primos. O candidato presidencial vai descender de Manuel Ribeiro e Jorge Sampaio de João Ribeiro.

Manuel Ribeiro, sexto avô de Mendes e quinto tio avô de Sampaio, casou em 1754 em Infantas com Esperança Peixoto. Até ao nascimento da neta do casal, Quitéria Maria da Rocha, em 1803, a linha permaneceu neste lugar de Guimarães. Quitéria, a quarta avó de Mendes, casa com Joaquim Fernandes em Cepães, Fafe, onde nasce Albina, trisavó de Marques Mendes.

Albina Maria Fernandes casa com Gervásio Gonçalves, numa ligação que se cruza com a linha do apelido “Gonçalves” — que já aflorámos lá atrás.

É desta linha, descendente de Manuel Ribeiro, que acabará por nascer a mãe de Marques Mendes, Maria Isabel Gonçalves.

E como chegamos a Jorge Sampaio? Através da linha familiar paralela à de Manuel Ribeiro.

Manuel teve um irmão dez anos mais novo, que recebeu o nome exatamente igual ao do pai, João Ribeiro. É essa a linha que nos conduz até Jorge Sampaio.

João Ribeiro casou com Ana Peixoto em 1758, em Infantas, e a família por ali se mantém até ao nascimento da bisavó paterna de Jorge Sampaio, Teresa Leite Pereira.

Teresa ainda casa em Infantas com José Leite Carvalho, mas o filho, José Leite de Carvalho (o avô de Jorge Sampaio) já foi nascer na freguesia de Mesão Frio, também no concelho de Guimarães, em 1876.

José Leite de Carvalho, o avô paterno de Jorge Sampaio – que, de acordo com a biografia de Jorge Sampaio, era um “remediado lavrador minhoto” — casou em Vizela, em outubro de 1902, com D. Emília de Sampaio Bastos, avó paterna do antigo Presidente da República e dez anos mais velha. O casal teve outras duas filhas, Irene, a mais nova, e Maria Amélia, a mais velha, mas só o filho do meio, António Arnaldo de Carvalho Sampaio, pôde prosseguir os estudos. A influência do tio materno e irmão de Emília, o padre José, terá sido determinante nos destinos de António.

António Arnaldo Carvalho Sampaio, pai de Jorge Sampaio, nasceu então a 7 de junho de 1908 na freguesia de Gémeos, em Guimarães. A família vivia no Casal de Ribeiro de Calvos.

Como acontecia com regularidade até ao início do século XX em Portugal, António fica com um apelido da mãe (Sampaio) em último lugar no seu nome e não um do pai. Se a opção tivesse sido por dar primazia ao apelido paterno, o político conhecido como Jorge Sampaio teria sido, provavelmente, Jorge Carvalho.

O primeiro nome (António) ficou perdido e passou a ser conhecido apenas por Arnaldo Sampaio. Acaba por se licenciar na Faculdade de Medicina do Porto em 1933, como conta Daniel Sampaio n’A Razão dos Avós e, entre outros cargos públicos que ocupou, Arnaldo foi Diretor-Geral de Saúde entre 1972 e 1978.

Arnaldo acaba por se mudar para Lisboa em 1935, um ano depois de nas termas de Caldelas, em Amares, ter conhecido Fernanda Bensaúde Branco. Namoraram durante três anos, até que o casal decide casar-se, em 1937. Dois anos depois, nasceu Jorge Sampaio.

Arnaldo Sampaio

É esta linha que permite perceber que Marques Mendes e Jorge Sampaio são primos.

Algumas das informações sobre os avós de Jorge Sampaio que aqui contamos constam da biografia de Jorge Sampaio escrita por José Pedro Castanheira e também do livro A Razão dos Avós, de Daniel Sampaio.

O mais curioso é que Luís Marques Mendes foi um dos convidados para apresentar a biografia de Jorge Sampaio – que incluía várias páginas com informação sobre os seus primos – sem fazer ideia de que eram familiares.

André Sampaio, filho de Jorge Sampaio, apoia Marques Mendes nesta candidatura presidencial e também não terá ideia de que está a apoiar um primo afastado.

André Sampaio

Mas voltemos a Jugueiros, em Felgueiras, e à linha feminina pura de ascendência de Luís Marques Mendes para conhecermos outro primo notável.

António de Sampaio e Maria Durães, nascidos em meados do século XVIII, são os antepassados mais recentes de Marques Mendes e Diogo Freitas do Amaral, antigo candidato presidencial, que venceu as eleições à primeira volta em 1986, mas acabou por perder no segundo turno para Mário Soares.

Luís Marques Mendes é o sexto neto deste casal, enquanto Diogo Freitas do Amaral é quinto neto dos mesmos.

António de Sampaio e Maria Durães tiveram uma filha, Benta Durães de Sampaio — cuja descendência conduz a Luís Marques Mendes — e um filho, António José de Sampaio — cuja descendência vai conduzir a Diogo Freitas do Amaral.

Benta Durães de Sampaio casou com António de Oliveira Machado e a linha permaneceu em Jugueiros até a avó materna de Marques Mendes, Isabel Teixeira, casar com Gervásio Gonçalves em Felgueiras, em junho de 1928.

A filha de Isabel Teixeira e Gervásio Gonçalves é Maria Isabel Gonçalves, que já nasceu em Cepães, Fafe, e que é a mãe de Luís Marques Mendes.

Toda esta linha descende de Benta Durães de Sampaio.

O irmão de Benta, António José de Sampaio, era o tetravô de Diogo Freitas do Amaral do lado paterno.

António José de Sampaio casou com Rosa Maria Leite e passou a morar em Vila Fria, também no concelho de Felgueiras, onde nasce, em 1908, D. Joaquina Rosa de Sampaio, que casa em 1838 com Joaquim Leite Ferreira Guimarães.

A filha de Joaquina e Joaquim, D. Maria Arminda L. Sampaio Ferreira, já casou em Guimarães com Francisco P. C. do Amaral e Freitas.

É aqui que aparece pela primeira vez, em Francisco (o bisavó do antigo presidente do CDS), os apelidos Amaral e Freitas, que haveriam de ter uma adulteração, duas gerações depois, para Freitas do Amaral.

Francisco Amaral e Freitas foi senhor da Casa de Guardal, da Casa da Caldeiroa, do Paço Meão e da Casa do Barreiro, e era também Fidalgo Cavaleiro da Casa Real, além de juiz. Casou com Maria Arminda L. Sampaio Ferreira, Senhora da Casa da Eira em Felgueiras.

Francisco e Maria Arminda têm um filho: Duarte do Amaral Pinto de Freitas, o avô do antigo candidato presidencial, Diogo Freitas do Amaral.

Duarte foi senhor da Casa de Salgueiro, em Santo Adrião, Vila Nova de Famalicão, da Casa da Eira, em Vila Fria, Felgueiras, e da Casa de Castelães, em Guimarães.

O avô de Freitas foi ainda coronel de Infantaria, Comandante Militar do Distrito de Braga e das Forças do Norte que travaram a revolta de Fevereiro de 1927, no Porto, contra a então jovem Ditadura Militar que se iniciara no 28 de Maio de 1926. Como Grande-Oficial da Ordem Militar de Avis, foi condecorado com Medalhas Comemorativas de Campanhas em África, onde serviu sob as ordens de Mouzinho de Albuquerque em Angola e Moçambique.

Duarte exerceu ainda as funções de presidente da Câmara Municipal de Guimarães.

Duarte do Amaral Pinto de Freitas casou com Ana Mendes Ribeiro de Oliveira, filha de António Mendes Ribeiro, industrial e diretor do Banco Comercial de Guimarães. Duarte e Ana são os avós paternos de Diogo Freitas do Amaral. O filho de ambos, Duarte P. Carvalho Freitas do Amaral, nasceu em Guimarães.

Duarte Freitas do Amaral, que finalmente tem esta conjugação de apelidos, começou a sua carreira no Ministério das Finanças, onde foi secretário do então ministro António Oliveira Salazar. Exerceu diversos cargos durante o Estado Novo, que foram desde a vice-presidência da reguladora dos produtos farmacêuticos até à vice-presidência da Sacor, a empresa petrolífera que daria origem à Galp. Foi também deputado pela União Nacional.

Duarte Pinto Freitas do Amaral

Duarte Freitas do Amaral casou com Maria Filomena de Campos Trocado, filha de Josué Francisco Trocado e Maria Alves de Campos, sobrinha-neta do 1.º Barão da Póvoa de Varzim. É precisamente na Póvoa de Varzim, a 21 de julho de 1941, que nasce Diogo Freitas do Amaral, primo de Marques Mendes.

Voltamos à árvore principal para abordar os ascendentes mais próximos de Luís Marques Mendes: a mãe, Maria Isabel Gonçalves, e o pai, António Joaquim B. Marques Mendes.

A mãe de Luís Marques Mendes, Maria Isabel Gonçalves, cuja ascendência já aqui abordámos longamente, era professora do ensino primário. Morreu a 29 de março de 2021. Casou com António Joaquim B. Marques Mendes a 29 de março de 1956.

António Marques Mendes, pai de Marques Mendes, foi presidente da câmara de Fafe, o último antes da queda do Estado Novo. Um dos últimos atos públicos como autarca, a 8 de março de 1974, foi a atribuição do título de “Cidadão Honorário do Concelho” de Fafe a Baltasar Rebelo de Sousa — pai de Marcelo Rebelo de Sousa. Que, eventualmente, poderá ser também seu primo.

António Marques Mendes licenciou-se em Direito em Coimbra e, tal como o filho, fez carreira como advogado e político. Esteve na fundação do PSD, ao lado do amigo Barbosa de Melo e dos três fundadores. Foi deputado à Assembleia da República ao longo de várias legislaturas e eurodeputado pelo PSD.

António Marques Mendes

A árvore genealógica de Luís Marques Mendes traçada pela Associação Portuguesa de Genealogia mostra mais de 100 ascendentes do ex-líder do PSD que agora se candidata a Presidente da República.

Nessa lista, encontramos um antigo Presidente da República, Jorge Sampaio, e um antigo candidato que venceu a primeira volta das presidenciais de 1986 e foi vencido no segundo turno, Diogo Freitas do Amaral. Marques Mendes é primo de ambos e é ainda provável que tenha relação familiar com Marcelo Rebelo de Sousa, já que é o que sugere a similaridade de apelidos de um pequeno lugar de Cerdeira, no concelho de Celorico de Basto.