Kazumi Matsui apelou aos países mais poderosos do mundo que abandonem a dissuasão nuclear.

Foto: Kim Kyung Hoon – Reuters


“Estes desenvolvimentos ignoram de forma flagrante as lições que a comunidade internacional deveria ter aprendido com as tragédias da história”, afirmou Kazumi Matsui, junto à Cúpula da Bomba Atómica, um dos poucos edifícios que sobreviveram ao ataque nuclear.


O secretário-geral da ONU enviou uma mensagem em que alerta para “o risco de conflito nuclear” que “está a aumentar” e a confiança “está a diminuir”


António Guterres aponta que “as divisões geopolítica estão a aumentar” e avisa que as armas nucleares “que trouxeram tanta devastação a Hiroshima e Nagasaki estão novamente a ser tratadas como instrumentos de coerção.”




Guterres lembra que as Nações Unidas assinalam este ano o 80º aniversário, momento para lembrar “a razão pela qual a ONU foi criada: para evitar a guerra, para defender a dignidade humana e para garantir que as tragédias do passado nunca mais se repitam.”


O secretário-geral das Nações Unidas vê sinais de esperança. O Prémio Nobel da Paz foi atribuído em 2024 à organização japonesa Nihon Hidankyo – que representa os sobreviventes dos bombardeamentos de Nagasaki e Hiroshima.


Também o Pacto para o Futuro, adotado no ano passado por vários países que se comprometeram “com um mundo livre de armas nucleares”.


No entanto, Guterres quer mais e avisa: “os compromissos devem conduzir a uma verdadeira mudança, reforçando o regime mundial de desarmamento”.


Os sucessivos Governos japoneses têm sido criticados por se recusarem a ratificar um tratado de 2021 que visa proibir a posse e a utilização de armas nucleares. Dezenas de países assinaram o tratado que, no entanto, não inclui as potências nucleares.

Depois de depositar uma coroa de flores em frente ao cenotáfio, o primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, não mencionou esse tratado.


Mas afirmou que é “missão” do Japão, como único país a ter sido atacado por armas nucleares, liderar os esforços globais para o desarmamento.




Nihon Hidankyo, a rede nacional de sobreviventes da bomba atómica, disse que a humanidade está numa corrida contra o tempo para desafiar os EUA e a Rússia – que juntos possuem 90 por cento das mais de 12.000 ogivas nucleares do mundo – e outros Estados nucleares.

No comunicado que divulgou, a organização avisa: “Não nos resta muito tempo, enquanto enfrentamos uma ameaça nuclear maior do que nunca”. “O nosso maior desafio agora é mudar os Estados detentores de armas nucleares… nem que seja só um bocadinho.”