Sobre Célia Pessegueiro, que se tornou neste domingo a primeira mulher a liderar o PS-Madeira, Alberto João Jardim não se limitou a defender que a ex-presidente da Câmara de Ponta do Sol “tem um currículo a merecer respeito cívico”. Também lhe deixou conselhos, escrevendo que a nova secretária-geral “terá de perceber com quem conta e não perder tempo com a ‘esquerda caviar’ nem ‘comunas'”.
“Terá de ser ela e não instrumento de outros”, escreveu o histórico social-democrata, que antevê “um grande teste” para Célia Pessegueiro, pois deve “autoavaliar se tem estatuto credível para ser candidata a presidente do Governo Regional da Madeira” e “assumir-se na luta pela autonomia”. Caso contrário, ressalva Alberto João Jardim, “será PS mais do mesmo, misturado à pseudo-esquerda folclórica”.
Mas também o anterior líder socialista, Paulo Cafôfo, que nas eleições regionais de 2019 ficou a pouco mais de cinco mil votos do que seria uma vitória inédita do seu partido na região autónoma – após ter conseguido conquistar a Câmara do Funchal nas autárquicas de 2013 e de 2017 -, mereceu elogios de Alberto João Jardim.
“Trabalhou pela democracia e pela autonomia. Testemunho-o, apesar das diferenças ideológicas. Estas pessoas têm de ser respeitadas, ao contrário dos palhaços que queriam voltar a impor regimes totalitários”, escreveu o homem que liderou a Região Autónoma da Madeira entre 1978 e 2015. Sem se esquecer de realçar que Cafôfo “teve o azar de pegar num partido que, na Madeira, se autodestruiu logo desde o 25 de Abril, quando ao lado dos comunistas, enquanto Mário Soares os combatia, e até mais extremados”.
Nos últimos anos, o PS-Madeira tem dado sinais de crise que culminaram no segundo afastamento de Paulo Cafôfo, que fora líder regional antes de assumir a Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas. Nas eleições regionais de 23 de março de 2025, o partido foi apenas o terceiro mais votado, com 15,64% e oito deputados, perdendo a liderança da oposição para o Juntos pelo Povo, que teve 21,05% e obteve 11 mandatos na Assembleia Legislativa Regional.
A tendência negativa para o PS-Madeira manteve-se nas autárquicas, pois não só Célia Pessegueiro falhou a reeleição em Ponta do Sol (deixando o Machico e Porto Moniz como únicas autarquias socialistas), como o partido foi relegado para a quarta posição no Funchal, atrás da coligação PSD-CDS, do Juntos pelo Povo e do Chega.