É uma nova onda de calor para alguma regiões. E a sensação da continuação da atual para outras. Isto porque as temperaturas vão baixar ligeiramente esta quinta e sexta-feira antes de voltarem a subir acentuadamente acima dos 40ºC em quase todo o país no fim de semana, podendo chegar aos 43ºC no interior Sul e no Vale do Tejo e do Douro. Com um detalhe: na zona de Trás-os-Montes e Alto Douro, não se sentirá qualquer descida. Bragança tem previsão de máximas de 39ºC esta quinta, sexta e sábado e 40ºC no domingo, com mínimas de 19 e 21ºC e Vila Real andará entre os 38 e os 39ºC durante o dia e os 20 e 21º à noite.

O que significa que na zona interior Norte os efeitos da passagem da massa quente que nos afetou no último fim de semana se manterá até à chegada de uma nova massa de ar quente e seco vinda do Norte de África. Uma massa que é impulsionada pela região depressionária que está atualmente situada entre o norte de África e a Península Ibérica — como que um corredor aberto para estas massas entrarem para a Península Ibérica —, e que é bloqueada pelo anticiclone que se mantém a norte dos Açores (que se intensificou até leste das ilhas britânicas), e que forma uma espécie de muro que impede a passagem de qualquer tempestade vinda do Atlântico norte, e também que a massa de ar quente se dissipe nessa direção.

O IPMA já atualizou os seus alertas, passando os avisos em Vila Real e Bragança do laranja para o vermelho, com ambos os distritos a manter-se neste estado entre as 09h00 de sábado e as 06h00 de domingo. De resto, permanecem os avisos laranja para Guarda e Viseu, prolongados até às 06h00 de domingo. A estes junta-se Castelo Branco, que mantém-se sob aviso amarelo até às 09h00 de sábado, altura em que passa para aviso laranja.

De resto, permanecem os avisos amarelos para os restantes distritos do continente (à exceção de Faro) e para a Madeira. O agravamento destes alertas já era expectável, tendo em conta que o instituto de meteorologia espanhol já tinha feito o mesmo.

Juntamente com a massa de ar quente há que contar com mais fenómenos: o primeiro deles é a chegada, potenciada pelos mesmos motivos, de uma nuvem de poeiras do Saara, que entra em Portugal já esta sexta-feira (mais a Norte) e que será muita intensa no domingo (afetando bastante a Madeira).

Além disso, e também sexta, há que contar com a possibilidade de grandes descargas elétricas na zona Centro e no Norte. As chamadas trovoadas secas. Algumas bolsas de ar frio na atmosfera, em choque com a massa de ar quente, podem provocar estes fenómenos, as nuvens convectivas, terríveis para as ignições dos incêndios. Que se juntam ao facto de, mantendo-se as noites tropicais (acima de 20ºC), não deixarem nunca o solo baixar a temperatura durante a noite.

Assim, e segundo o último comunicado do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), entre esta quarta-feira e sexta-feira, deverá registar-se uma “ligeira descida dos valores da temperatura máxima”, que será mais significativa no litoral oeste, “mantendo-se, no entanto, os valores mais elevados no interior das regiões Norte e Centro”. Mas “nos dias 9 e 10 [sábado e domingo], os valores da temperatura máxima irão subir e manter-se elevados até dia 11 [segunda-feira], podendo variar entre 30 e 38ºC na generalidade do território e atingir 43ºC em alguns locais, nomeadamente no interior da região Sul e nos vales dos rios Tejo e Douro”.

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Ainda segundo o IPMA, a temperatura mínima continuará a ultrapassar os 20ºC no interior das regiões Norte e Centro, “estendendo-se ao interior Sul durante o próximo fim de semana”.

Pelas previsões, muito incertas a esta distância, que se podem fazer, só haverá uma nova descida, e ligeira, a partir de meio da próxima semana.

A não ser que… E este é um enorme “se”. Há um ciclone no Atlântico, o Dexter, cujo percurso pode alterar todas as previsões. Neste momento o percurso previsto indica que segue em direção ao Reino Unido, onde chegará como depressão tropical (deverá transformar-se ao largo dos Açores): se assim se mantiver, será mais um muro e as temperaturas até podem ser mais elevadas; se mudar de rumo e entrar mais para este, em direção à Europa continental, podem trazer algum vento, e algumas nuvens, e tempo fresco.