Os Hooligans da Cidade Livre estiveram envolvidos numa rixa contra grupos de adeptos do Lech Poznan em 2009, na cidade de Rębiechowo, nos arredores de Gdańsk, que pôs 70 adeptos de cada lado a lutar. Um destes, como admitiu a equipa do então candidato presidencial em maio, era Karol Nawrocki. Tinha então 26 anos e trabalhava como funcionário do Instituto da Memória Nacional, que viria a liderar.

Participei em vários tipos de desportos, em várias lutas nobres, mas nem sempre saí vitorioso“, disse quando questionado pelo político aliado da extrema-direita, Sławomir Mentzen, numa entrevista no seu canal de Youtube antes da segunda volta.

É desta proximidade aos grupos de hooligans do Lechia Gdańsk que surgem referências a “ligações a gangues” mencionadas por Donald Tusk na rede social X.

Numa entrevista ao WP já depois das eleições, o então Presidente eleito admitiu mesmo ter participado nesse incidente e que algumas das pessoas com quem lutou podiam ter cometido “más ações“. Segundo a TVP World, um dos participantes, conhecido por Olgierd L., está atualmente detido por acusações de tráfico de armas, crimes de fogo posto e organização de ataques violentos, e é conhecido por ter gerido uma das maiores redes de lenocínio da região.

“Quando eu lutava com alguém — ressalvo que o fiz sempre com pessoas que queriam — nunca pesquisava sobre essa pessoa nem perguntava sobre o seu cadastro criminal. Certamente havia entre aqueles com quem eu lutava pessoas responsáveis por más ações. Mas isso não significa que elas, de alguma forma, se transferem para mim“, afirmou, recusando ser definido como hooligan.

“Eu não usaria essa palavra. Identifico-me mais como um atleta que torce [pelo seu clube]“, sublinhou.

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Segundo o Politico, Nawrocki enfrenta ainda várias acusações relativas a apartamentos em Gdańsk. Primeiro, há o caso que envolve a compra de um segundo apartamento que, segundo o Onet, não tinha declarado no debate presidencial.

O caso envolve um idoso de 80 anos, identificado pela imprensa apenas como Jerzy Z., que terá assinado um acordo com o candidato em 2012 para lhe vender o seu apartamento cinco anos depois. Dito e feito, Nawrocki passou a ser proprietário da habitação em 2017, pagando-lhe €28,000 pela casa e, segundo a porta-voz Emilia Wierzbicki, prometendo continuar ajudar o idoso “pagando-lhe as contas de forma regular, fazendo-lhe as compras e comprando-lhe os medicamentos“.

Porém, conta o Onet, o atual Presidente não terá gasto “um tostão” a tratar de Jerzy Z.. Aliás, a cidade de Gdańsk paga-lhe cerca de 23 mil euros por ano pelos cuidados, sendo que parte deste dinheiro é usado para pagar o lar de idosos onde Jerzy vive atualmente.

O outro caso está relacionado como o período em que presidente do Museu da Segunda Guerra Mundial, cargo que ocupou entre 2017 e 2021. O atual chefe de Estado terá vivido por seis meses no complexo hoteleiro da própria instituição. Durante esse período, conta o jornal Gazeta Wyborcza, Karol Nawrocki não terá pago nada pela sua estadia no apartamento Deluxe, uma casa de dois pisos com 116 m2 e que acolhe até seis pessoas, como diz o site dos apartamentos, e que fica a cinco quilómetros da residência principal do Presidente da Polónia. Atualmente, caso uma pessoa queira alugar este mesmo apartamento durante os mesmos seis meses, custar-lhe-ia mais de 32 mil euros.