A cerca de um mês das eleições presidenciais, há cinco candidatos com menos de seis pontos percentuais de diferença entre si, o que significa que qualquer um pode chegar à segunda volta, tendo em conta a margem de erro na mais recente sondagem da Pitagórica para o JN, TSF, TVI e CNN. Luís Marques Mendes lidera com 20,7%, António José Seguro surge logo atrás, com 19,9%, seguido de André Ventura (19,1%), formando um empate técnico entre os três. Henrique Gouveia e Melo caiu para quarto (15%), acumulando uma perda de quase 13 pontos desde Outubro, enquanto João Cotrim Figueiredo cresce para 14,9%, ficando muito próximo do almirante na reserva. Os indecisos aumentaram para 17,2%, reforçando a imprevisibilidade do resultado.

A sondagem, realizada entre 11 e 19 de Dezembro através de 1000 entrevistas telefónicas e com uma margem de erro de cerca de 3,16% para um nível de confiança de 95,5%, reflecte já o impacto dos debates televisivos, que terminam esta segunda-feira.

Gouveia e Melo foi o mais penalizado, enquanto Cotrim e Ventura beneficiaram, mostrando maior eficácia nesse formato. Seguro também ganhou terreno, mas não conseguiu atrair o “voto útil” da restante esquerda, que no conjunto mantém praticamente o mesmo peso eleitoral.

Entre os restantes candidatos apoiados por partidos de esquerda, Jorge Pinto, deputado do Livre, cresce e chega aos 3%, o mesmo patamar do ex-deputado do PCP António Filipe. Já a eurodeputada bloquista Catarina Martins cai para os 2,7%.

Seguro mais eficaz que Mendes

Na fidelidade partidária, Ventura destaca-se (sete em cada dez eleitores do Chega), mas continua limitado fora da sua base. Por sua vez, Seguro revela-se mais eficaz do que Mendes a captar votos do seu próprio partido. Já o eurodeputado da Iniciativa Liberal, João Cotrim Figueiredo, cresce ao ir buscar eleitores à AD. Gouveia e Melo apresenta o eleitorado mais transversal.

No capítulo da rejeição, Ventura é de longe o mais rejeitado (73%), o que o penaliza fortemente em cenários de segunda volta. Os que mais repudiam o líder do Chega são os eleitores mais velhos (79%), os que têm melhores rendimentos (79%), os que vivem em Lisboa (76%) e as mulheres (com mais sete pontos do que os homens).

Os outros quatro favoritos oscilam entre uma taxa de rejeição de 45% (Seguro, com destaque para os mais pobres, onde chega aos 52%) e de 50% (Gouveia e Melo, com destaque para os dois escalões etários entre os 35 e 54 anos, onde chega aos 58%). Pelo meio ficam Mendes, com 46% (com destaque para a faixa etária dos 55 a 64 anos, com 52%), e Cotrim, com 49% (com destaque para os que têm 65 ou mais anos, com 64%).

A sondagem diz ainda que Seguro e Mendes são os únicos com potencial de voto acima dos 50%, surgindo como os candidatos mais competitivos num confronto final.

Por grupos sociais, Seguro lidera entre os eleitores mais velhos, a classe média e o Sul do país. Ventura destaca-se entre homens, eleitores mais pobres e na Região Centro. Mendes é mais forte no Norte e entre mulheres. Cotrim domina claramente entre jovens e eleitores de rendimentos mais elevados. Gouveia e Melo deixou de liderar em qualquer segmento, ao contrário do que sucedia nas sondagens de Outubro e Novembro. O seu melhor desempenho é um segundo lugar entre os eleitores mais velhos (19,8%). O apoio distribui-se de forma equilibrada pelas regiões, mas é mais forte entre eleitores de rendimentos mais baixos, à semelhança de Ventura e Mendes. Já Seguro e Cotrim seguem a tendência oposta, reforçando o apoio à medida que os rendimentos aumentam.