“Estamos a agir para conseguir um novo acordo para libertar os nossos reféns. Mas se o Hamas considerar a nossa intenção de o conseguir como uma fraqueza, como uma oportunidade para nos impor condições de rendição que colocariam em perigo o Estado de Israel, está redondamente enganado”, frisou Netanyahu durante uma cerimónia em Jerusalém.


Antes das declarações, o gabinete do primeiro-ministro agradeceu aos mediadores os seus esforços e avançou que os negociadores iriam agora realizar “mais consultas” em Israel.


Segundo duas fontes ouvidas pela agência Reuters, a decisão de Telavive de fazer a delegação regressar a casa não indica uma crise nas negociações, que preveem ainda uma troca de prisioneiros palestinianos por reféns israelitas.


Já uma fonte do Hamas referiu que ainda há hipóteses de ser alcançado um cessar-fogo em Gaza mas que tal poderá demorar alguns dias por Israel estar “a empatar”.

Uma fonte palestiniana indicou, por sua vez, à agência France-Presse que a resposta do Hamas inclui alterações às cláusulas sobre a entrada de ajuda humanitária, mapas das zonas de Gaza de onde o Exército israelita deve retirar-se, assim como garantias sobre o fim da guerra.


Segundo a imprensa local, um funcionário israelita afirmou que a nova proposta do Hamas é algo com que Telavive poderá trabalhar.


No entanto, o Canal 12 de Israel avançou que um acordo rápido não está ao alcance devido às divergências entre as duas partes, incluindo o local para onde as forças israelitas devem retirar-se durante a trégua.

Cada vez mais pessoas morrem de fome
Tanto Israel como o Hamas têm sido pressionados a chegar a um acordo, numa altura em que as condições humanitárias em Gaza estão a deteriorar-se drasticamente devido à fome que já matou pelo menos uma centena de palestinianos.

Na quarta-feira, a Organização Mundial de Saúde (OMS) indicou que 21 crianças com menos de cinco anos morreram de malnutrição este ano. Um dia depois, o Ministério da Saúde de Gaza avançou que mais duas pessoas morreram da mesma causa, depois de passarem vários dias sem comer.

Israel, que tem impedido a entrada de ajuda humanitária em Gaza, culpa as Nações Unidas pela lentidão na entrega de bens essenciais. Esta quinta-feira, a ONU disse não saber quantos camiões de ajuda estão em Gaza a aguardar permissão para a distribuição.

“Apesar dos nossos vários pedidos, Israel não autorizou a ONU a estar presente nos pontos de passagem, que são zonas militarizadas. Por isso, não podemos verificar a quantidade de bens atualmente no ponto de passagem”, explicou à AFP um porta-voz do Gabinete de Assuntos Humanitários da ONU em Genebra. “É importante salientar que não se trata apenas de pedidos recusados”, mas também de obstáculos no terreno, indicou o responsável, Jens Laerke.

Israel deve dar “luz verde aos camiões sem atrasos desnecessários, permitir que as equipas utilizem rotas múltiplas e mais seguras e ordenar às tropas que se mantenham afastadas dos camiões e nunca disparem contra civis ao longo das rotas atribuídas – ou em qualquer outro lugar”, salientou.

O Governo israelita já insistiu que “hoje, em Gaza, não há fome causada por Israel”, acusando o Hamas de impedir a entrada de ajuda e de a roubar.

c/ agências