Está com a garganta dolorida e arranhando? Você pode até culpar o ar seco, mas geralmente isso é um sinal de que o corpo está combatendo uma infecção viral.

“As cinco principais causas de dor de garganta são um vírus, um vírus, um vírus, um vírus e um vírus”, diz Elisabeth Fowlie Mock, médica de família e diretora da American Academy of Family Physicians. Os agentes que podem desencadear dor de garganta incluem rinovírus (a causa mais comum de resfriados), influenza, coronavírus e vírus sincicial respiratório.

A dor na garganta costuma ser o primeiro sintoma porque os vírus se fixam inicialmente nessa área do corpo, explica Benjamin C. Tweel, professor assistente de otorrinolaringologia na Icahn School of Medicine at Mount Sinai.

“O vírus entra nas células que revestem a garganta e provavelmente provoca uma resposta inflamatória do sistema imunológico”, descreve Tweel, que também é diretor médico do departamento de otorrinolaringologia do Mount Sinai Health System. Quando o corpo reconhece um invasor viral, o tecido linfático na parte de trás do nariz e da garganta incha e fica inflamado, causando dor, afirmam os especialistas.

“De vez em quando, o corpo consegue combater o vírus, e você não desenvolve o quadro completo”, informa Elisabeth. Em outras ocasiões, surgem os sintomas clássicos de uma infecção das vias respiratórias superiores, incluindo coriza, congestão e tosse.

A dor de garganta causada por uma infecção das vias respiratórias superiores geralmente melhora em até uma semana, segundo os Centers for Disease Control and Prevention. Analgésicos de venda livre, como ibuprofeno ou naproxeno, podem ajudar e podem ter vantagem sobre medicamentos como o paracetamol, observa Tweel, porque reduzem a dor e a inflamação. E, claro, há alguns remédios caseiros que podem aliviar o desconforto.

Confira, abaixo, alguns para considerar.

Algumas estratégias caseiras podem ajudar no alívio da dor de garganta Foto: LIGHTFIELD STUDIOS/Adobe Stock

Gargarejo com água salgada

A água com sal há muito tempo é considerada uma abordagem eficaz para dor de garganta, e há algumas pesquisas científicas que dão suporte a isso. Um pequeno ensaio clínico randomizado de 2019, publicado no Journal of Complementary and Alternative Medical Research, constatou que pessoas com dor de garganta não bacteriana que fizeram gargarejo com água salgada tiveram dor menos intensa e menos dificuldade para engolir uma semana depois, em comparação com aquelas que usaram solução de timol, um tipo de gargarejo ou enxaguante antisséptico.

É possível que o sal ajude a reduzir o inchaço dos tecidos da garganta, afirma Cameron Wick, otologista e neurotologista do University Hospitals. “Quando você faz um enxágue com água salgada, é química básica do ensino médio, todo o processo de osmose”, explica. “Parte da água dentro das células da garganta sai do tecido e vai para a solução salina, o que diminui um pouco a inflamação.” O gargarejo com água salgada “provavelmente também ajuda a remover detritos e partículas virais”, acrescenta Tweel.

As pesquisas são limitadas, mas o gargarejo com solução salina “é altamente improvável que faça mal”, comenta Elisabeth. “Pode ajudar um pouco e provavelmente não vai prejudicar.” Uma proporção segura é 1 colher de chá de sal para cada 240 ml de água morna, ensina Wick.

Os enxágues com solução salina podem trazer outros benefícios. Se você estiver com muco espesso, congestão ou sintomas de alergia, um spray salino de venda livre ou um dispositivo de irrigação nasal pode limpar as vias nasais e facilitar a respiração, adiciona Wick. Esses produtos também ajudam a hidratar as passagens nasais e a reduzir o inchaço.

Use apenas água destilada, estéril ou fervida e resfriada em dispositivos de irrigação nasal, pois a água da torneira pode conter germes perigosos se entrarem nos seios da face.

Mel

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O mel é conhecido por suas propriedades antibacterianas, informa Wick, e sua consistência espessa pode proteger a garganta dolorida de mais irritação. Ele deve proporcionar uma sensação agradável na garganta ou na membrana mucosa, explica. O mel atua como uma barreira, de modo que a garganta não fica “exposta aos elementos em geral e à passagem de líquidos e do ar”.

Há algumas pesquisas que apoiam o uso do mel para aliviar sintomas de infecções das vias respiratórias superiores, como dor de garganta e tosse. Um pequeno estudo de 2023 também constatou que gargarejar com mel — 15 mililitros de mel misturados em 5 ml de água — ajudou a aliviar a dor após uma tonsilectomia, ou cirurgia para remoção das amígdalas.

O mel também pode ser uma opção para crianças com dor de garganta e tosse que tenham pelo menos 1 ano de idade. A American Academy of Pediatrics recomenda o mel em vez de medicamentos de venda livre para crianças, já que há poucas evidências de que remédios para resfriado tragam muitos benefícios para menores de 6 anos.

“Desde que tenham mais de 1 ano, um pouquinho [de mel] em líquido morno ou uma colher de chá de mel” pode ajudar a aliviar a dor de garganta das crianças e a melhorar o sono, destaca Elisabeth. Nunca se deve dar mel a bebês com menos de 12 meses por causa do risco de botulismo infantil, uma condição rara, porém perigosa.

Chá

Tomar um copo de chá costuma aliviar a dor de garganta, mas nem todos os tipos são recomendados quando você tem uma infecção das vias respiratórias superiores.

“Certifique-se de que seja um chá sem cafeína”, orienta Wick. “Chás pretos, aqueles bem ricos em taninos, geralmente têm um teor relativamente alto de cafeína, e a cafeína age nos rins de forma a aumentar a micção e pode acabar desidratando você.”

Há poucos estudos que associam chás de ervas à redução da dor de garganta; camomila, gengibre e cúrcuma são opções especialmente boas, ensina Wick.

Para potencializar o efeito calmante do chá, acrescente mel e limão. O cítrico “adiciona vitamina c, que dá suporte ao sistema imunológico, e aumenta a produção de saliva”, descreve Wick. Isso é benéfico porque pode ajudar as glândulas salivares da boca e da garganta (há “centenas de glândulas pequenas sob a superfície da mucosa”, explica) a se auto-limparem, de modo que, “em vez de um muco espesso e congestionado, ele fica mais fino, e o corpo consegue lidar melhor com isso”.

Bebidas quentes

Se você não gosta de chá, outras bebidas quentes, como água morna, caldo de ossos, caldo de legumes ou sopa, podem ser igualmente reconfortantes. “Há um tipo de efeito calmante que ocorre com a água morna”, diz Wick.

Bebidas quentes também podem ser mais fáceis de ingerir e, assim, aumentar sua hidratação geral. “isso provavelmente é uma das melhores coisas que você pode fazer para dor de garganta”, afirma Tweel. “Quanto mais desidratado você estiver, pior sua garganta vai ficar.”

Além disso, desde que não contenha ingredientes que irritem a garganta, a sopa pode ser reconfortante, acrescenta Elisabeth.

Alimentos frios

Algumas pessoas preferem alimentos frios, como pedrinhas de gelo ou picolés, para aliviar a dor de garganta, especialmente quando a dor é mais intensa, comenta Wick. Após uma tonsilectomia, “as crianças podem exagerar no sorvete e nos picolés. geralmente isso acontece porque o frio acalma as fibras da dor e as terminações nervosas”, explica.

Há pouca pesquisa sobre alimentos frios para dor de garganta causada por infecções das vias respiratórias superiores, mas alguns estudos sugerem que terapias de resfriamento podem ajudar a aliviar o desconforto na garganta após procedimentos médicos, como intubação e cirurgias.

Uso de umidificador

O ar seco pode deixar nariz, boca e garganta ásperos e desconfortáveis. “Isso faz parte do motivo pelo qual as pessoas às vezes se sentem pior logo depois de um voo de avião”, conta Tweel. Usar um umidificador de névoa fria ou um vaporizador pode aliviar parte desse ressecamento quando você está com dor de garganta.

A grande ressalva é que esses aparelhos precisam ser mantidos limpos. “Eu, pessoalmente, não uso porque acho difícil mantê-lo higienizado”, nota Tweel. Mofo e bactérias podem se proliferar em umidificadores portáteis, e inalar essa névoa com germes pode deixá-lo doente.

O CDC recomenda limpar o umidificador regularmente, de acordo com as instruções do fabricante, esvaziar o reservatório de água diariamente e usar água destilada ou fervida e resfriada, que têm menor probabilidade de favorecer o crescimento de germes.

Se a limpeza de um umidificador parecer trabalhosa demais, você pode obter benefícios semelhantes com um banho quente e vaporoso ou inalando o vapor que sai da água fervente ou de uma xícara de chá, afirma Tweel.

Pastilhas

Para adultos, pastilhas ou balas para tosse “ajudam a garganta a produzir mais saliva”, comenta Tweel, o que pode reduzir o ressecamento. “Grande parte da dor [da dor de garganta] vem do fato de estar seco ou desidratado”, explica, “então, se você puder fazer algo para combater esse ressecamento, isso será útil”.

Há muitas variedades disponíveis, e “basicamente qualquer uma que traga alívio vale a pena”, cita Tweel, mas algumas pessoas preferem a sensação refrescante das pastilhas com mentol ou eucalipto.

Pastilhas ou balas para tosse não devem ser dadas a crianças menores de 4 anos, pois representam risco de engasgo.

Quando procurar o médico por dor de garganta

A dor de garganta geralmente dura alguns dias e depois começa a melhorar, lembra Elisabeth. Em seguida, é comum surgir coriza e congestão, seguidas de tosse no peito. “Essa é uma infecção normal das vias respiratórias superiores”, afirma. “Desde que esteja evoluindo e não piorando, [o vírus] pode levar uma ou duas semanas para completar seu curso.”

Mas, às vezes, a dor de garganta exige uma consulta médica. Você deve marcar uma consulta com seu médico de atenção primária se tiver febre junto com dor de garganta, dor intensa, dificuldade para respirar ou engolir, ou se notar placas brancas no fundo da garganta ou “qualquer assimetria importante, ou seja, diferença de tamanho entre as amígdalas”, diz Wick. Isso pode indicar uma infecção bacteriana, como a faringite estreptocócica, que pode exigir antibióticos.

Dor de garganta persistente também merece investigação. “Você deveria ter uma dor de garganta intensa por mais de sete dias? Não. Ela já deveria estar melhorando nesse ponto”, afirma Elisabeth.

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