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O preço do tomate-chucha voltou a disparar em Portugal, com um aumento de 36 cêntimos por quilo (mais 18%) em apenas uma semana, fixando-se agora nos 2,45 euros por quilo. Este é o valor mais alto desde 7 de maio deste ano, altura em que o mesmo produto custava 2,57 euros por quilo.

A subida do tomate contribuiu significativamente para o agravamento do preço do cabaz alimentar essencial, monitorizado semanalmente pela DECO PROteste. Segundo os dados mais recentes, o cabaz alimentar aumentou 1,01 euros na última semana, atingindo os 240,65 euros, o que representa uma subida de 0,42%. Este é um dos valores mais altos desde que a organização de defesa do consumidor iniciou esta monitorização, em janeiro de 2022.

Desde o início do ano de 2025, o preço deste conjunto de produtos aumentou 1,90%, ou seja, mais 4,49 euros. Já quando comparado com os valores registados no início da monitorização, em janeiro de 2022, os consumidores estão a pagar atualmente mais 52,95 euros, um acréscimo de 28,21% pelos mesmos alimentos essenciais.

Como é feito o cálculo do cabaz?
O preço do cabaz é atualizado todas as quartas-feiras pela DECO PROteste, com base em preços recolhidos no dia anterior nos principais supermercados com loja online. A organização calcula o preço médio de cada um dos 63 produtos incluídos, disponíveis no seu simulador, e soma esses valores para determinar o custo total do cabaz.

Entre os alimentos que mais contribuíram para o aumento verificado entre 30 de julho e 6 de agosto, além do tomate-chucha, destacam-se a cebola (mais 13%), o atum em posta com óleo vegetal (mais 10%) e a maçã Golden (mais 9%).

Ovos, maçãs e laranja acumulam maiores subidas
Comparando os preços atuais com os do início do ano, os ovos lideram a subida percentual, com um aumento de 28%, seguidos da maçã Gala (mais 24%) e da laranja (mais 22%).

Desde o início da análise da DECO PROteste, em janeiro de 2022, os produtos que mais encareceram foram a carne de novilho para cozer (mais 97%), os ovos (mais 81%) e a laranja (mais 68%).

Efeitos do fim do IVA zero continuam a sentir-se
Recorde-se que, para travar o aumento dos preços alimentares, o Governo português instituiu em 2023 uma medida de isenção de IVA num conjunto de mais de 40 alimentos essenciais, em vigor entre 18 de abril de 2023 e 4 de janeiro de 2024. Esta medida resultou de um acordo com o setor da produção agroalimentar e o retalho, e baseou-se nas recomendações da Direção-Geral da Saúde.

Contudo, desde o final da isenção, o impacto tem sido evidente. O cabaz composto pelos 41 produtos que beneficiaram de IVA zero aumentou 7,53 euros, passando de 141,97 euros a 4 de janeiro para 149,50 euros a 6 de agosto de 2025, o que representa um acréscimo de 5,30%.

Os produtos com maiores subidas desde o fim da medida fiscal foram, mais uma vez, a carne de novilho para cozer (mais 40%), a dourada (mais 39%) e os ovos (mais 34%).

Crise alimentar agravada por fatores internacionais
A escalada dos preços alimentares nos últimos três anos deve-se, segundo a DECO PROteste, a um conjunto de fatores, entre os quais se destaca a invasão da Ucrânia pela Rússia, iniciada em 2022. A guerra afetou fortemente a oferta de cereais — vitais para a produção alimentar europeia — e veio agravar uma situação já delicada, marcada pelas consequências da pandemia de covid-19 e pela seca prolongada.

O aumento dos custos de produção, sobretudo no que diz respeito a fertilizantes e energia, teve repercussões imediatas nos mercados internacionais e, por consequência, nos preços ao consumidor de alimentos como carne, frutas, legumes, cereais e óleo vegetal.

Inflação volta a subir
Embora a taxa de inflação média anual tenha descido em 2024 para 2,4%, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), valores ainda inferiores aos 4,3% de 2023 e aos 7,8% de 2022, a tendência voltou a inverter-se em abril de 2025. Em julho, estima-se que a inflação tenha subido para 2,6%, depois de três meses consecutivos de descida.

Como poupar nas compras alimentares?
Para ajudar os consumidores a encontrar os preços mais baixos, a DECO PROteste disponibiliza uma ferramenta online no portal Saber Poupar (www.saberpoupar.pt), que permite comparar os preços dos mesmos produtos entre diferentes supermercados, por distrito ou concelho. É ainda possível selecionar os tipos de alimentos mais frequentemente comprados, facilitando a otimização do orçamento familiar.