GUIA DE VERÃO || Se alguém no areal insistir que precisa de esperar três horas para ir à água, este é o artigo que tem de partilhar. Assim, pelo menos enquanto leem isto, não dizem tantas asneiras
Se há um cliché de verão, é este. Tiramos qualquer coisa da geleira e ouvimos alguém à nossa volta a dizer, muitas vezes em tom recriminador, “agora vais ter de esperar três horas para ir à água”.
Por esta altura de calor, esta é uma dúvida que chega todos os dias aos gabinetes das nutricionistas. E nós, para não fugirmos à tendência, também queremos deixar tudo em pratos limpos.
Tenho mesmo de esperar três horas para ir à água depois de comer? Resposta: tudo depende daquilo que comemos. Na maior parte das vezes não vai precisar de ficar à espera, a derreter ao sol.
“Se for uma refeição pesada, principal, aí se calhar é preciso esperar um pouco mais. As duas a três horas podem fazer sentido, sobretudo se estiver muito calor cá fora e a água estiver gelada”, aponta a nutricionista Lillian Barros.
Se a refeição for rica em hidratos de carbono, em gorduras, em proteína, a digestão será mais demorada. Mas todos sabemos que, no areal, costumamos trincar opções mais leves.
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Foi só um snack? Meia horinha, por segurança
Se comeu uma sandes, uma peça de fruta ou um gelado, não há necessidade nenhuma de estar aí à espera só porque toda a gente à sua volta lhe diz que sim. “Se for uma refeição leve, entrando na água devagar, não deve haver qualquer problema”, diz Magda Roma.
Ainda assim, as nutricionistas definem um intervalo de segurança, para garantir que tudo corre pelo melhor na água depois de um lanche na toalha. Meia hora. “É mais do que suficiente”, aponta Lillian Barros.
O grande causador deste mito das três horas de espera é uma coisa chamada ‘paragem de digestão’. É que, com a mudança brusca de temperatura, o fluxo sanguíneo que estava a ser usado na digestão passa a ser necessário para outra função considerada mais vital: a manutenção da temperatura corporal.
“A digestão recruta o fluxo sanguíneo. Quando vamos para um choque térmico, pode haver uma exigência de fluxo sanguíneo para a manutenção da temperatura corporal. E nós podemos travar uma digestão porque precisamos de uma outra função importante do nosso organismo”, confirma Lillian Barros.