“O melhor Natal da minha vida!”. Inês Neto ouviu esta frase de duas pessoas que participaram na ceia de Natal solidária que a própria organizou no Flor de Café, em Meixomil, Paços de Ferreira. “Foi maravilhoso, era mesmo isto que eu pretendia e da mesma maneira que foi o melhor Natal daquelas pessoas, foi também o meu”, conta à Fugas com “a sensação de dever cumprido”.

Inês Neto garante que com esta iniciativa realizou “o sonho de tornar o Natal melhor para quem está sozinho” e sentiu o “coração cheio”. Compareceram 42 pessoas, embora estivessem inscritas 60. A vergonha e a desconfiança são para Inês Neto a explicação para a ausência.

“As pessoas não estão habituadas a receber ajuda nem a actos de bondade e esse até foi um dos temas de conversa durante o jantar”, afirma a organizadora, que conta que dez minutos antes da hora um casal já inscrito telefonou-lhe para confirmar se haveria mesmo a consoada. “Pensavam que poderia ser uma burla”, diz.

Como vieram menos pessoas e Inês Neto tinha feito comida a contar que pudessem aparecer mais, houve sobras, mas no Flor de Café nada se estraga. “Doei a comida e os doces que sobraram”, esclarece. Já os vinhos e os sumos serão leiloados no café para angariar fundos para uma campanha de apoio aos cuidados médicos de “uma menina de São Martinho do Campo” – os tratamentos, diz Inês, “custam 2700 euros por mês” e nem todos os custos “são cobertos pelo Estado”. “Já temos um mealheiro cheio no café para a menina e com este leilão conseguiremos ajudar mais, pelo menos para garantir um mês de tratamentos”, afirma Inês Neto.

A proprietária do Flor de Café reitera o seu compromisso de continuar a “fazer o bem” e incentiva “quem souber de famílias necessitadas” a contactá-la. O que já está confirmado é o jantar de Natal solidário de 2026. “Para o ano há mais, já não deve ser é no café, pois tenho a certeza que mais pessoas virão, pois já há o exemplo deste ano e, assim, as pessoas sabem que a iniciativa é genuína”.

Além da comida, a ceia solidária teve música, prendas e “um forte sentido de comunidade”. “Fazer bem às pessoas é a melhor coisa. Foi maravilhoso”, conclui Inês Neto.