Ao conversar com pacientes sobre uma alimentação mais saudável, explicar como os macronutrientes podem afetar suas metas de perda de peso pode ser útil. Em última análise, os pacientes podem acabar fazendo melhores escolhas alimentares e adotando uma mentalidade mais saudável após entenderem como os macronutrientes são importantes. Confira a seguir como iniciar essa conversa.

Como explicar o que são macronutrientes?

Macronutrientes são compostos que consumimos em grandes quantidades, sendo essenciais para a obtenção de energia e o funcionamento fisiológico do organismo. Eles são divididos em três tipos: carboidratos, proteínas e gorduras. A nutricionista Lena Beal, porta-voz da Academy of Nutrition and Dietetics, explicou como cada um deles tem um papel único:

  • Os carboidratos são a fonte de energia preferida do organismo, especialmente no caso do cérebro e dos músculos;

  • As proteínas são fundamentais para o reparo tecidual, o funcionamento do sistema imunitário e a manutenção da massa muscular magra;

  • As gorduras são importantes na produção de hormônios e na função celular, além de ajudar na absorção de vitaminas lipossolúveis.

Uma explicação prática que pode ser dada aos pacientes é a seguinte: “Pense nos carboidratos como combustível, nas proteínas como tijolos e nas gorduras como a estrutura de apoio — todos são necessários, mas na medida certa”, disse Lena.

Qual a relação entre a obesidade e os macronutrientes?

Seus pacientes devem entender que nem todas as calorias são iguais no que diz respeito à influência sobre a fome, o metabolismo e o armazenamento de gordura.

“Explique aos seus pacientes como o consumo excessivo de calorias —especialmente as provenientes de carboidratos e gorduras altamente processados, sem níveis equivalentes de atividade física — leva ao ganho de peso ao longo do tempo”, recomendou Lena.

Além disso, converse sobre como carboidratos refinados, como pães brancos e guloseimas açucaradas, podem aumentar a glicemia, como a insulina pode levar ao aumento da fome e ao armazenamento de gorduras, como a baixa ingestão de proteínas pode reduzir a saciedade e levar à alimentação excessiva e como as gorduras em excesso, especialmente provenientes de alimentos processados, são altamente calóricas e facilmente consumidas em demasia, complementou a nutricionista.

“Explicar aos pacientes que o ganho de peso tem menos a ver com a força de vontade e mais com como os alimentos escolhidos por eles influenciam seus mecanismos biológicos pode diminuir a vergonha e aumentar a motivação”, disse ela.

De acordo com Lena, os médicos desempenham um papel importante não apenas ao dar orientações, mas também ao ajudar os pacientes a fazerem uma conexão entre as escolhas alimentares e a saúde metabólica.

“Mudanças pequenas e contínuas ─ em vez de transformações radicais ─ fazem a diferença. Esse fato ressalta que o sucesso de longo prazo não depende de seguir uma dieta perfeita, mas de estabelecer um padrão que priorize alimentos ricos em nutrientes, a alimentação consciente e comportamentos sustentáveis.”

Relação entre calorias e atividade física

Se o controle de peso for analisado sob uma perspectiva estritamente focada em dieta e atividade física, ele poderia ser reduzido à “simples equação entre consumo e gasto calórico”, disse Devon Wagner, nutricionista ligada à Ohio State Wexner Medical Center, nos EUA.

“Pense no controle de peso como uma balança com dois pratos. A ingestão de alimentos, ou seja, o consumo de calorias, está de um lado, enquanto o gasto de energia através do movimento e de exercícios físicos, isto é, o gasto calórico, está do outro”, ilustrou ela.

Devon recomenda dizer aos pacientes que quando eles consomem mais calorias através da alimentação do que o que estão queimando através de exercícios físicos e atividades, eles ganham peso. Além disso, explique as consequências no longo prazo. “Se esse comportamento se mantiver constantemente por um longo período, isso levará à obesidade”, disse ela.

Estratégias que podem ser sugeridas pelos médicos

Como foi mencionado, mantenha o foco no gasto calórico, e não no ganho. Para isso, aumente os níveis de atividade física. “Até mesmo uma simples meta de aumentar o número de passos diários pode ser útil”, disse Devon. A melhor estratégia é fazer recomendações de atividades de acordo com o perfil de cada paciente.

Em seguida, ajude seu paciente a focar em melhores opções de alimentação, escolhendo alimentos menos calóricos e mais ricos em nutrientes. Alguns exemplos de alimentos ricos do ponto de vista nutricional são: frutas, verduras, legumes, grãos integrais, gorduras saudáveis para o coração, laticínios com baixo teor de gordura, leguminosas, nozes, sementes e proteínas magras.

“Todos esses alimentos são altamente nutritivos e farão com que você se sinta satisfeito por mais tempo, em comparação com muitos alimentos ultraprocessados”, disse ela.

Por fim, incentive a prática de cozinhar em casa. “O alimento preparado em casa sempre terá menos calorias, sal e/ou gordura do que aquele feito em um restaurante”, disse Devon. “Tenha como objetivo comer fora no máximo duas vezes por semana.”

Considerações para vegetarianos ou veganos

Embora dietas à base de vegetais possam ser altamente benéficas, elas exigem atenção quanto à ingestão equilibrada de macronutrientes, disse Lena. Ao atender pacientes que são veganos ou vegetarianos, é fundamental garantir uma ingestão proteica adequada proveniente de diversas fontes, como legumes, soja, tofu, tempeh, seitan, nozes/sementes e grãos integrais, ressaltou ela.

Além disso, os médicos da atenção primária devem alertar esses pacientes para que eles fiquem atentos à dependência excessiva de carboidratos refinados (por exemplo, massas, bolachas e sobremesas veganas), que podem levar ao ganho de peso se não forem combinados com fibras e proteínas em quantidades suficientes. Outra dica é incentivar o consumo de gorduras saudáveis, como abacate, azeite de oliva e linhaça, para manter a dieta equilibrada.

Este conteúdo foi traduzido do  Medscape