“Trata-se de uma clara violação dos direitos humanos a forma como foi detido, sem mandado de captura, sem qualquer informação dada à família e como, doze horas depois, é anunciado ao mundo que foi detido”, lamenta Nelito Ekuikui. “Hoje, qualquer indivíduo que contesta o regime é considerado terrorista”, acrescenta o deputado, destacando que Buka é “muito dinâmico, e mexe muito com as redes sociais”.
Uma pessoa “é detida de manhã em casa, depois de lhe arrombarem a porta, e à noite o seu nome é anunciado como sendo terrorista, sem qualquer acusação formal, sem direito a defesa, sem direito a ver o seu bom nome protegido. Isto é muito perigoso para Angola, onde está o estado de direito, onde está a justiça, em casos como este?”, pergunta Adalberto Costa Júnior.
O Observador contactou o Ministério do Interior, mas até ao momento não obteve qualquer resposta. No entanto, na nota de imprensa lê-se que os três detidos — Oliveira Francisco, Caetano Agostinho Muhongo, de 58 anos, Amor Carlos Tomé, de 38 anos — foram detidos pelo SIC “mediante cumprimento de mandados de detenção”. O jornalista é primo direito de Buka e estará a ser “acusado de passar informação da TPA ao primo”, adinta Nelito Ekuikui.
No mesmo comunicado o SIC refere “que a detenção destes decorre de uma aturada investigação em curso, que detetou a participação direta destes, através de uma associação criminosa, que se dedicava a promoção, instigação de atos de subversão à ordem, manipulação de informação com recurso a plataformas digitais”.
O SIC não relaciona estas detenções com os tumultos ocorridos durante a paralisação de três dias na semana passada em Angola em que morreram 30 pessoas, segundo dados oficiais.
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