A OpenAI acaba de apresentar o GPT-5, o seu modelo de inteligência artificial (IA) mais avançado até agora, prometendo interacções ao nível de um verdadeiro perito. Sam Altman, CEO da empresa, comparou a evolução das diferentes gerações com um percurso académico: no GPT-3, disse, “era como falar com um estudante do secundário”; no GPT-4, “parecia uma conversa com um estudante universitário”; e, no GPT-5, “é a primeira vez que realmente parece que estamos a falar com um perito ao nível de um doutoramento”.

O lançamento surge num momento em que o ChatGPT, o serviço que popularizou a IA generativa, já conta com quase 700 milhões de utilizadores semanais. Altman não hesitou em qualificar o novo sistema como “o melhor modelo do mundo em programação”, acrescentando que “é também o melhor modelo do mundo em escrita, o melhor modelo do mundo na área da saúde, e numa longa lista de outras coisas”.

Um sistema unificado e mais acessível

Entre as mudanças mais visíveis está a simplificação da interface. O GPT-5 funciona como um sistema unificado, suportado por um “router” inteligente que decide, nos bastidores, se um pedido deve ser encaminhado para um modelo rápido — suficiente para a maioria das tarefas — ou para um modelo de raciocínio aprofundado, destinado a problemas mais complexos. Este modo avançado pode ser activado automaticamente ou solicitado de forma explícita pelo utilizador, eliminando, segundo Altman, a “grande confusão” da geração anterior, que obrigava a escolher manualmente entre diferentes modelos.

O GPT-5 está disponível para todos os utilizadores do ChatGPT, incluindo os de plano gratuito, embora com limitações. Ao atingi-las, a plataforma recorre a uma versão “mini”, menos poderosa mas, segundo a OpenAI, ainda assim capaz. Já os subscritores do plano Pro (229 euros mensais) têm acesso ilimitado e a um GPT-5 mais avançado, concebido para as tarefas mais exigentes, e todas as funcionalidades extra. Há ainda um plano intermédio, o Plus (23 euros por mês), que dá acesso a raciocínio mais avançado” e funcionalidades extra, como criação de vídeos. A experiência pode ainda ser personalizada através de quatro novas “personalidades” — Cínico, Robô, Ouvinte e Nerd — que ajustam o tom de comunicação do chatbot.

Capacidades e segurança reforçadas

O GPT-5, o novo modelo de inteligência artificial da OpenAI, anuncia avanços significativos em áreas como programação, escrita criativa e saúde. No desenvolvimento de software, foi optimizado para depuração de código e para a criação de projectos complexos, incluindo websites e aplicações, com uma maior sensibilidade estética. Altman acredita que esta evolução abre caminho para uma nova era de “software a pedido” e, durante uma das demonstrações, o sistema chegou a gerar, em poucos segundos, o código funcional para um website.




Uma das novidades do novo GPT-5 é que o utilizador deixou de ter de escolher qual a variante do modelo a utilizar. Esta escolha é feita automaticamente em função do comando dado pelo utilizador
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No campo da segurança, uma das prioridades foi reduzir as chamadas “alucinações” — respostas factualmente erradas — e aumentar a “honestidade do modelo”. Segundo a empresa, o GPT-5 é cerca de 45% menos propenso a erros factuais do que o GPT-4o. Alex Beutel, líder de investigação em segurança, garante que o objectivo foi “garantir que o modelo não mente aos utilizadores”, estando este mais disposto a admitir quando não consegue completar uma tarefa ou quando não dispõe de informação suficiente para dar uma resposta credível.

Outra inovação relevante é o conceito de safe completions (“conclusões seguras”). Em vez de recusar liminarmente perguntas que possam ter um uso ambíguo — benigno ou malicioso —, o GPT-5 tenta responder dentro de parâmetros seguros. Beutel ilustra com um exemplo: se alguém perguntar “quanta energia é necessária para inflamar um material específico”, essa questão pode vir de alguém com más intenções ou de um estudante de ciências. Nestes casos, o modelo limita-se a fornecer informação de alto nível, suficientemente útil para fins legítimos, mas inofensiva para usos perigosos.

O caminho para a AGI ou inteligência artificial geral

Para Altman, o GPT-5 representa “claramente um modelo que é geralmente inteligente” e um passo importante no percurso rumo à inteligência artificial geral (AGI, na sigla inglesa), sistemas capazes de executar qualquer tarefa intelectual humana. Ainda assim, reconhece que falta “algo bastante importante”: a capacidade de aprender continuamente com novas informações durante a utilização. Essa limitação mantém, por agora, a AGI como uma meta no horizonte e não uma realidade imediata.