O fundador do banco de investimento China Renaissance, Bao Fan, desapareceu em fevereiro de 2023. Depois, soube-se que estava a cooperar com as autoridades numa investigação de corrupção. Mas até agora não há qualquer informação oficial sobre a detenção nem sobre a libertação

Bao Fan, fundador do banco de investimento China Renaissance Holdings, foi “libertado” mais de dois anos depois de ter sido “levado” pelas autoridades chinesas, noticiou esta sexta-feira o jornal chinês Caixin, citando fontes não identificadas.

O multimilionário chinês Bao Fan, que fundou o banco de investimento China Renaissance em Pequim, em 2005, e era uma figura importante na indústria tecnológica chinesa, com contributo para o surgimento de várias startups, desapareceu em fevereiro de 2023, quando tinha 52 anos.

O Economic Observer, uma publicação financeira estatal, informou entretanto que Bao estava sob custódia do principal organismo de vigilância anticorrupção do país, a Comissão Central de Inspeção Disciplinar, desde o seu desaparecimento. Dizia-se que estava envolvido numa investigação sobre suspeitas de suborno de empresas.

Em agosto de 2023, várias fontes confirmaram à Reuters que Bao tinha sido detido para ajudar na investigação de um ex-colega e estava a cooperar com as autoridades que conduziam uma investigação.

Depois disso, o Renaissance informou que Bao se tinha demitido oficialmente do cargo de presidente e diretor executivo do banco de investimento por “razões de saúde e para dedicar mais tempo aos seus assuntos familiares”, afirmou numa declaração à bolsa de Hong Kong.

Mas até à data as autoridades não deram qualquer explicação.

A Reuters não conseguiu confirmar a informação de que Bao Fan foi, de facto, libertado, nem obter qualquer reação por parte do China Renaissance.

O Ministério da Segurança Pública não respondeu a um pedido de comentário da Bloomberg enviado por fax. Também os contactos para a Comissão Central de Inspeção Disciplinar ficaram sem resposta.

Xi Jinping continua a perseguir empresários e banqueiros

O desaparecimento de Bao Fan, em 2023, seguiu-se ao de outros líderes empresariais de alto nível na China, onde não é invulgar os executivos desaparecerem subitamente do radar sem qualquer explicação.

Suspeitou-se imediatamente que o desaparecimento estava ligado à campanha contra a corrupção, implementada pelo presidente Xi Jinping, que se destinava a reprimir grandes indústrias como a tecnologia, a educação ou o imobiliário, alegando motivos de segurança.

Na altura, pelo menos seis multimilionários já tinha sido intimidados pelo regime de Xi Jinping, incluindo Jack Ma, o fundador da plataforma de comércio eletrónico Alibaba, que esteve desaparecido durante três meses em 2020, depois de criticar os reguladores do mercado. Também em 2017, Xiao Jianhua, que controlava a Tomorrow Holdings, foi detido no seu quarto no hotel Four Seasons em Hong Kong e levado para a China continental. Foi condenado, em agosto de 2022, a 13 anos na prisão. Depois, em novembro de 2023, foi a vez do ex-vice-presidente do Banco Industrial e Comercial da China, Zhang Hongli, ser investigado por suspeitas de corrupção e “violações graves” da lei e da disciplina do partido.

Centenas de executivos e funcionários do sector financeiro foram apanhados nos últimos anos, ao mesmo tempo que o setor reduziu os salários e as regalias para cumprir o objetivo de Xi de “prosperidade comum”, explica a Bloomberg. A mensagem é que comportamentos e práticas que não se enquadram nos objetivos do governo central não serão tolerados. 

Ainda no mês passado, a China impediu um banqueiro de topo da Wells Fargo & Co. de sair do país, no âmbito de uma investigação criminal, segundo as autoridades.