Gisele Oliveira, a mulher brasileira que esta terça-feira foi detida em Coimbra na sequência de um mandado de captura internacional por suspeitas de ter provocado a morte por envenenamento a cinco filhos, usava o mesmo modus operandi para cada uma das vítimas: primeiro, dava-lhes sedativos, deixando-as inconscientes para depois poder asfixiá-las.

“A redução do nível de consciência acontecia sempre por meio de diferentes medicamentos e depois elas [as vítimas] eram asfixiadas”, avançou a Polícia Civil de Minas Gerais, no Brasil, numa conferência de imprensa esta quinta-feira. “Uma das crianças foi encontrada com uma fralda na boca e a outra com o rosto virado para o sofá“, afirmou Valdimara Teixeira de Paula, da Delegacia de Homicídios da cidade de Timóteo, onde Gisele Oliveira cometeu os crimes.

Durante a investigação foi ainda possível apurar que a primeira tentativa ocorreu em 2008, ao contrário do que inicialmente foi noticiado, mas não resultou. Naquele ano, Gisele tentou matar o filho com Neocid, um inseticida usado para matar piolhos, que colocou no biberão, mas a criança acabou por sobreviver depois de ser assistida no hospital. O novo caso sobe assim o número de filhos de Gisele de seis para sete, dos quais cinco foram mortos.

Durante a conferência de imprensa, foram também conhecidas as idades das crianças, que tinham entre 10 meses e três anos, assim como o tempo exato entre as mortes de cada uma. Em 2010, Gisele matou duas crianças no espaço de 32 dias, sendo que uma delas será a vítima mais nova, um bebé de 10 meses que apresentou sintomas de intoxicação por Fenobarbital, um medicamento antiepiléptico e anticonvulsivante. Já em 2019, no intervalo de dois meses e meio, matou mais duas crianças. Uma delas terá sofrido uma convulsão e tinha a prescrição médica para o mesmo medicamento que matou o irmão nove anos antes. Nenhuma destas mortes chegou às autoridades na época: “Não foi registado um boletim de ocorrência”, explica Valdimara Teixeira de Paula, acrescentando que todas estas crianças eram saudáveis.

Em 2022, o atual marido de Gisele foi hospitalizado com sintomas de intoxicação por sedativos, semelhantes aos das crianças: “Chegava com consciência rebaixada, ficava cerca de 24 horas sonolento e, quando retomava a consciência, continuava confuso, da mesma forma como as crianças”, afirmou. Um ano depois foi quando se deu a última morte, que viria a dar início à investigação e ao mandado de busca internacional emitido pela justiça brasileira para Gisele. Atualmente encontra-se em prisão preventiva e pode cumprir até 154 anos de prisão pelos crimes cometidos.