Gisele Oliveira, a mulher brasileira que esta terça-feira foi detida em Coimbra na sequência de um mandado de captura internacional por suspeitas de ter provocado a morte por envenenamento a cinco filhos, usava o mesmo modus operandi para cada uma das vítimas: primeiro, dava-lhes sedativos, deixando-as inconscientes para depois poder asfixiá-las.
“A redução do nível de consciência acontecia sempre por meio de diferentes medicamentos e depois elas [as vítimas] eram asfixiadas”, avançou a Polícia Civil de Minas Gerais, no Brasil, numa conferência de imprensa esta quinta-feira. “Uma das crianças foi encontrada com uma fralda na boca e a outra com o rosto virado para o sofá“, afirmou Valdimara Teixeira de Paula, da Delegacia de Homicídios da cidade de Timóteo, onde Gisele Oliveira cometeu os crimes.
Cinco crianças foram assassinadas por envenenamento em um intervalo de 15 anos. A Polícia Civil de Minas Gerais confirmou nesta quinta (7) a prisão de uma mulher de 40 anos, suspeita de matar os próprios filhos – com idades de 10 meses e 3 anos – na cidade de Timóteo, no Vale do… pic.twitter.com/OGtqAzVeV0
— O Tempo (@otempo) August 7, 2025
Durante a investigação foi ainda possível apurar que a primeira tentativa ocorreu em 2008, ao contrário do que inicialmente foi noticiado, mas não resultou. Naquele ano, Gisele tentou matar o filho com Neocid, um inseticida usado para matar piolhos, que colocou no biberão, mas a criança acabou por sobreviver depois de ser assistida no hospital. O novo caso sobe assim o número de filhos de Gisele de seis para sete, dos quais cinco foram mortos.
Durante a conferência de imprensa, foram também conhecidas as idades das crianças, que tinham entre 10 meses e três anos, assim como o tempo exato entre as mortes de cada uma. Em 2010, Gisele matou duas crianças no espaço de 32 dias, sendo que uma delas será a vítima mais nova, um bebé de 10 meses que apresentou sintomas de intoxicação por Fenobarbital, um medicamento antiepiléptico e anticonvulsivante. Já em 2019, no intervalo de dois meses e meio, matou mais duas crianças. Uma delas terá sofrido uma convulsão e tinha a prescrição médica para o mesmo medicamento que matou o irmão nove anos antes. Nenhuma destas mortes chegou às autoridades na época: “Não foi registado um boletim de ocorrência”, explica Valdimara Teixeira de Paula, acrescentando que todas estas crianças eram saudáveis.
Em 2022, o atual marido de Gisele foi hospitalizado com sintomas de intoxicação por sedativos, semelhantes aos das crianças: “Chegava com consciência rebaixada, ficava cerca de 24 horas sonolento e, quando retomava a consciência, continuava confuso, da mesma forma como as crianças”, afirmou. Um ano depois foi quando se deu a última morte, que viria a dar início à investigação e ao mandado de busca internacional emitido pela justiça brasileira para Gisele. Atualmente encontra-se em prisão preventiva e pode cumprir até 154 anos de prisão pelos crimes cometidos.