Três populações distintas da planta invasora Amaranthus palmeri S. Watson foi encontrada em campos de milho na região do Ribatejo, o que representa uma “grave ameaça” para os ecossistemas, não só por ser uma planta de grande porte, como por ser capaz de produzir uma grande quantidade de sementes, que lhe permitem proliferar, alertou o Instituto Politécnico de Beja (IPBeja).

Esta espécie invasora originária da América do Norte pode atingir os três metros e uma única planta fêmea madura pode produzir mais de 600 mil sementes. Tem ainda uma longevidade considerável, e pode ter genes que lhe conferem resistência a vários herbicidas. Um deles é o polémico glifosato, que ainda é permitido em Portugal, embora com algumas limitações.

A resistência aos herbicidas não só dificulta o seu controlo e erradicação como, se estes genes se espalharem na natureza, os herbicidas deixam de funcionar e pode haver grandes prejuízos na agricultura, alertou o IPBeja, numa nota divulgada nesta sexta-feira.


A espécie invasora foi detectada em campos de milho na região do Ribatejo através de um trabalho conjunto entre o Instituto Politécnico de Beja e o Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV).

A planta é originária do Sudoeste dos Estados Unidos e Norte do México, mas já se encontra instalada “há alguns anos” em Espanha, nas regiões da Catalunha, Aragão, Estremadura e Andaluzia. O Amaranthus palmeri S. Watson é tóxico para animais não ruminantes, pois tem um elevado nível de nitratos.

Com uma forte capacidade de adaptação a verões quentes, como é o caso de Portugal, a planta afecta “inúmeras culturas anuais de Primavera e Verão”, principalmente as do tomate, do girassol e do milho.

Grande impacto económico

Segundo o IPBeja, devido à fecundação cruzada da planta, “tem um fluxo de genes bastante grande”, o que lhe confere “uma grande variabilidade genética”. Consequentemente, pode desenvolver “resistência a diferentes famílias de herbicidas”. É resistente ao glifosato, por exemplo, um polémico herbicida que ainda é permitido em Portugal, embora com algumas limitações.

A nível mundial, conhecem-se resistências genéticas desta planta a nove tipos de produtos diferentes. De momento, não se sabe se as populações da planta presentes em Portugal são resistentes a estes herbicidas, diz o IPBeja.

As espécies invasoras causaram, só em 2019, prejuízos anuais no valor de 423 milhares de milhões de dólares (362 milhares de milhões de euros) a nível mundial, segundo um relatório de 2023 da Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços do Ecossistema (IPBES). É bem mais do que o valor do Produto Interno Bruto (PIB) de Portugal em 2o24, que chegou perto dos 285 mil milhões de euros.284,9 , chegou aos 239.000 milhões de euros. E

Na mesma nota, o Politécnico apelou aos agricultores e aos produtores que reforcem a vigilância no terreno e, em caso de suspeitas, procedam à rápida comunicação às entidades competentes, para a protecção da produção agrícola nacional.

“Caso ocorra a dispersão de A. palmeri no território continental, isso poderá ter um grande impacto económico e ecológico nas regiões afectadas”, salienta o comunicado do IPBeja.

O instituto disse também que os autores da investigação, João Portugal e Isabel Calha, além da elaboração de uma nota explicativa, já publicaram um poster de identificação da planta “para apoiar os produtores e técnicos agrícolas na sua identificação e combate.