Lançamento de livro é, por natureza, um evento social. E por que não ampliar essa dimensão? Foi o que pensou o presidente da Academia Mineira de Letras (AML), Jacyntho Lins Brandão, ao propor a criação do Lançamento Coletivo na sede da instituição, em julho do ano passado. De lá para cá, a iniciativa já teve duas edições e chega à terceira neste sábado (26/7), das 10h às 13h.
Ao todo, 11 escritores vão apresentar obras publicadas entre 2024 e 2025. Diferentemente das duas primeiras edições, nesta as obras precisaram passar por uma espécie de “peneira”, devido ao grande número de inscrições.
“Até então, as 10 primeiras pessoas que se inscreviam eram selecionadas. Mas isso já começou a dar problema no final do ano passado, porque o total de vagas que disponibilizamos se esgotou em 10 minutos. Teve muita gente que ficou de fora e reclamou”, conta Jacyntho.
Poesia e ensaio
“Agora, o processo mudou. Mantivemos as inscrições abertas por uma semana e criamos um processo de seleção baseado na identificação dos gêneros literários”, acrescenta, explicando que foram selecionados livros de cada gênero na proporção em que eles apareciam. Ou seja, a poesia e o ensaio são os mais representados por terem tido mais exemplares inscritos, superando contos e crônicas.
“Mas também tivemos que ter muito cuidado durante a seleção para não transformar o evento numa espécie de concurso”, pondera Jacyntho. “Não estávamos lá para avaliar quais obras eram melhores, e sim garantir maior diversidade”, diz.
Isso, de fato, a AML conseguiu. Entre os 11 escritores que vão lançar suas obras hoje, há veteranos e estreantes, como Vilma Sorbilli, que faz seu début na literatura aos 92 anos, com “Muito prazer! Filha única”.
“Eu sou filha única, tenho um único filho e uma única neta. Então, essa palavra sempre me perseguiu. Por isso, digo que esse é meu livro único também, porque, nessa altura da vida, acho que não vou fazer mais outro, não”, ela diz, em tom bem-humorado.
Brincadeiras à parte, Vilma conversa com bastante jovialidade. Conta que a obra retrata sua “infância antiga”, época em que as crianças brincavam na rua, não havia preocupações com ladrões e nem grandes recursos tecnológicos.
“Enviei o livro sem grandes pretensões, porque eu não imaginei que seria escolhida. Agora, estou lá entre os 11. Acho isso muito legal, porque é um incentivo para todo mundo que gosta de escrever e também para os leitores”, afirma Vilma.
O escritor Bernardo Lopes, de 37 anos, vai lançar seu quinto livro: “Canção lógica: Primeira temporada”. A obra foi pensada inicialmente como roteiro de série de TV. Por isso, traz uma narrativa visual e descrições diretas de cena, ao contar a história de Plínio, um escritor carismático, mas “meio perdido”, que sofre burnout e acorda um dia sem memória recente.
“Eu queria escrever em forma de roteiro para – quem sabe, um dia – enviar para pessoas do audiovisual para ver se elas se interessam por essa história. Embora o resultado final tenha ficado um pouco ‘romanceado’, não deixa de ser um produto que pode ser adaptado para o audiovisual”, diz ele.
LANÇAMENTO COLETIVO NA AML
Lançamento dos livros de Bárbara Mançanares, Bernardo Lopes, Delci Cristina Martins Alves José, Carlos Aragão, Marcos Flávio de Aguiar Freitas, Maria Dulce Reis, Maria Luísa Lembrança, Marta Drummond, Rodrigo Bragamotta, Thaís Alessandra e Vilma Sorbilli. Neste sábado (26/7), das 10h às 13h, na Academia Mineira de Letras (Rua da Bahia, 1.466, Centro). Entrada franca.