Vamos lançar a segunda fase do Cheque-Livro”. A confirmação surgiu esta sexta-feira pela voz de Luís Santos, o diretor-geral do Livro, Arquivos e Bibliotecas (DGLab) em Medellín, na Colômbia, onde participou numa sessão do Festival Utopia.

A Ministra da Cultura já o tinha anunciado e Luís Santos acrescenta que estão nesta altura “a avaliar a primeira fase”, até porque explicou “não correu como o esperado”. Há questões a limar, mas para já Luís Santos não detalha onde poderá haver mudanças depois da primeira fase do Cheque-Livro ter terminado a 15 de julho.

“Para nós é importante perceber como podemos contatar com estes jovens que se tornam adultos”, referiu Luís Santos numa sessão na Biblioteca Pública Piloto sobre “O papel dos escritores e ilustradores na formação de leitores” em que dividiu o painel com Esteban Giraldo, o diretor da Biblioteca.

Questionado sobre os índices de leitura e o papel das bibliotecas, Luís Santos apontou que “por vezes, em Portugal, a biblioteca é a preto-ebranco. Aqui há cor”, comparando com o que estava a ver na Colômbia.

“Todos os dias formamos leitores. E são muito importantes os bibliotecários como formadores de leitores”, sublinhou o responsável da DGLab que reconheceu a importância de aprender com a experiência colombiana.

“A forma como vocês saem da biblioteca e o trabalho que fazem fora da biblioteca, temos de aprender com vocês. Nós temos de trabalhar mais com o território”, indicou Luís Santos.

Por seu lado, o diretor da biblioteca colombiana explicou o papel que têm na promoção da leitura e como isso alavanca outras possibilidades. Esteban Giraldo deu como exemplo a forma como “os criadores se relacionam com os leitores”.

“Em grandes eventos como a feira do livro são um exemplo de onde esse ecossistema do livro se vincula com o leitor. Os exercícios de promoção de leitura suscitam e estimulam a criação literária. Há uma consciência de que os exercícios de promoção da leitura podem gerar ilustradores e escritores”, indicou.

Numa conversa que decorreu no meio da sala de leitura da biblioteca, ao final da tarde, Esteban Giraldo destacou a importância deste tipo de conversas acontecerem num espaço que por tradição “é de leitura” e que, por isso, implica silêncio”.

Na sua ótica, “a biblioteca é um espaço de conversa. É o lugar onde se pode argumentar. Significa isso que a biblioteca é um espaço que provoca a conversa”.

Também, já no início do debate moderado por Diana Rey, do Fundo de Leitura colombian, Luis Santos tinha defendido a biblioteca como um lugar onde não se criam só leitores. “Criamos cidadãos”, indicou o diretor da DGLab

“O livro tem de formar pessoas. Somos os guardiões desse conhecimento. As bibliotecas têm de ser pioneira da liberdade e da democracia”, elencou. Recuperando as palavras que o Papa Francisco deixou na Jornada Mundial da Juventude, em Lisboa, “As bibliotecas têm de ser para todos, todos, todos. Têm de assumir esse desafio de serem as instituições da verdadeira mudança”.