O Sp. Braga mudou de paradigma. Voltou aos treinadores estrangeiros – Carlos Vincens, ex-adjunto de Guardiola – e até já paga dez milhões de euros por jogadores – Mario Dorgeles, médio marfinense, custou 11 milhões, e Pau Victor, avançado do Barcelona, vai custar 13 milhões. Mas ainda vai levar algum tempo até ver a soma final de tudo isto. Para já, na primeira aventura competitiva em 2025-26, a formação minhota não conseguiu melhor do que um empate sem golos na Bulgária, frente ao Levski Sofia, em jogo da primeira mão da segunda pré-eliminatória de acesso à Liga Europa.

Nas asas de uma pré-época cheia de promessas, o Sp. Braga tinha tudo para se sentir favorito neste embate com a formação búlgara, mas é tudo muito bonito até os jogos começarem a contar. Em Sofia, toda essa promessa e deu lugar ao sofrimento, em que o anunciado “joga bonito” dos minhotos bateu de frente com um adversário que, não sendo melhor, soube bem o que fazer para tornar o jogo desconfortável para a equipa portuguesa. E como este Sp. Braga de Carlos Vincens ainda está em fase de projecto, mais difícil o jogo se tornou.

Com dois reforços de início, o central Lagerbielke e o médio Dorgeles, o Sp. Braga estava muito concentrado em zonas e com pouca largura para atacar a profundidade – sem laterais e sem extremos. E, como os níveis de intensidade ainda não estão altos, a previsibilidade e a lentidão transformavam a formação minhota num alvo fácil para a formação búlgara – com um plano menos elaborado e com menos “nuances” tácticas, e com objectivos bastante simples, correr mais e chegar primeiro à bola.

Ou seja, era uma equipa em construção contra uma equipa de processos mais simples, mas confiante no que estava a fazer – e tudo isto a acontecer num relvado que não ficava nada a dever aos “batatais” do futebol português nos anos 1980. Resultado? Uma primeira parte jogada praticamente sem balizas. O Sp. Braga teve uma aproximação de perigo relativo, protagonizada por Ricardo Horta aos 22’, o Levski teve três e numa delas até meteu a bola na baliza de Hornicek – aos 33’, Rildo apareceu sozinho na área minhota e acertou na baliza, mas o brasileiro estava muito adiantado.

A formação búlgara, treinada por um “velho” conhecido do futebol português – Julio Velásquez treinou Belenenses, V. Setúbal e Marítimo – tinha as suas armas para tentar tirar alguma coisa do jogo, sobretudo uma, Marin Petkov, por quem passava todo o jogo ofensivo da equipa. Mas dava a sensação que este Levski se contentava em fechar os caminhos para a sua baliza. Nisto, fez um bom trabalho: o Sp. Braga nunca encontrou nenhum.

Na segunda parte, os búlgaros pagaram o preço da sua intensidade e o Sp. Braga teve um pouco mais de espaço e de domínio territorial, mas nunca teve o controlo. Na sequência de um canto, Zalazar teve espaço na pequena área para alvejar, mas o tiro do uruguaio saiu à figura do guarda-redes Vutsov. Isto aconteceu aos 60’. E os minhotos só voltaram a ameaçar aos 85’, numa jogava inventada por Roger que Gorby Baptiste desperdiçou – isto foi o melhor que os homens de Carlos Vincens fizeram no jogo.

Um empate sem golos fora de casa numa eliminatória a duas mãos nunca será um mau resultado e, daqui a uma semana, o Sp. Braga estará mais confortável para enfrentar este Levski e seguir em frente neste início de caminhada europeia. Mas não entusiasmou nem um bocadinho. Vincens tinha deixado em aberto a pergunta sobre se o Sp. Braga estava pronto para a nova época e que a resposta iria ser dada no primeiro jogo a sério. A resposta é: não está.