Nas redes sociais, um número crescente de mulheres tem vindo a partilhar experiências sobre a perimenopausa, apelidando esta fase de “puberdade das pumas”, numa tentativa de normalizar conversas sobre um fenómeno natural, mas historicamente ignorado.

Amanda, uma administradora hospitalar norte-americana de 43 anos, começou a notar mudanças no corpo depois dos 42: afrontamentos, insónias, alterações de humor e ciclos menstruais irregulares.
Apesar dos primeiros exames hormonais não apontarem alterações, os sintomas persistiram durante meses, até que novos testes revelaram uma baixa função ovárica — sinal claro de perimenopausa.

A perimenopausa é a fase de transição que antecede a menopausa, marcada por flutuações hormonais e sintomas como ansiedade, fadiga, dificuldade de concentração, suores noturnos e menstruações instáveis. Segundo o Serviço Nacional de Saúde britânico (NHS), pode ocorrer vários anos antes da última menstruação e, por vezes, começa antes dos 40 anos.

A médica britânica Louise Newson, especialista em menopausa, alerta para o impacto que a falta de diagnóstico pode ter: “Não há um teste específico para a perimenopausa, o que leva muitas mulheres a serem ignoradas ou mal compreendidas — até pelos seus pares.”

Fatores como antecedentes familiares, doenças crónicas ou tratamentos como a quimioterapia podem acelerar este processo. Mas devido ao tabu e à desinformação, muitas mulheres sentem-se isoladas, sem respostas ou apoio adequado.

Nos últimos anos, várias iniciativas têm procurado colmatar esta lacuna, como a aplicação Balance, criada por Newson, que oferece apoio personalizado a mulheres em diferentes fases da menopausa.

A falta de reconhecimento institucional dos problemas de saúde reprodutiva feminina é recorrente. Um relatório do governo britânico sublinhou recentemente que doenças como a endometriose continuam a demorar anos a ser diagnosticadas, apontando o que chamou de “misoginia médica”.

Ao usarem as redes para partilhar testemunhos reais e levantar o véu sobre os desafios da perimenopausa, muitas mulheres estão a contribuir para quebrar estigmas e exigir maior atenção médica e social para uma realidade que afecta milhões.