Mais de 460 pessoas foram detidas este sábado em Londres, numa manifestação de apoio à rede Palestine Action, proibida no Reino Unido desde o início de Julho e classificada como “organização terrorista”. Estiveram presentes no protesto mais de mil pessoas, segundo a organização.

“A praça do Parlamento e Whitehall estão desimpedidas. Às 21h, 466 pessoas tinham sido detidas”, anunciou a polícia britânica no citada pelo The Guardian último ponto de situação sobre a manifestação.

Às detenções pelo apoio à organização considerada terrorista, somam-se mais oito detenções por outros crimes, incluindo cinco agressões a agentes da polícia.​

“Até às 18h [mesma hora em Portugal Continental], 365 pessoas tinham sido detidas por apoiarem uma organização proibida. Foram feitas sete detenções por outros crimes, incluindo cinco por agressão a polícias. Felizmente, ninguém ficou gravemente ferido”, relatou a Polícia Metropolitana.

Depois da proibição da Palestine Action, prevista na Lei Antiterrorismo de 2000, o apoio ou militância na organização é considerado crime, com penas máximas até 14 anos de prisão. Os advogados da organização argumentam que a proibição representa “um abuso autoritário” de poder, segundo a rádio BBC.

O Governo chefiado por Keir Starmer promoveu a proibição do grupo após um ataque a uma base aérea, no qual vários activistas pintaram grafítis em aviões militares. As autoridades calcularam os prejuízos em sete milhões de libras (8,1 milhões de euros).

O balanço de detidos na manifestação no centro de Londres foi subindo ao longo do dia, tendo as autoridades explicado que estavam a deter todos aqueles que erguiam cartazes onde se lia frases como “oponho-me ao genocídio, apoio a Palestine Action”.

No local, os manifestantes exibiam outras palavras de ordem, como “agir contra o genocídio não é crime” e “Palestina Livre”, descreveu a agência France-Presse (AFP). Numerosas bandeiras palestinianas eram visíveis na multidão, a curta distância dos carros da polícia, que alertou os manifestantes para as “potenciais consequências criminais” das suas acções, de acordo com a AFP. Os detidos não ofereceram resistência e muitos exibiram um “V” de vitória com os dedos, sob os aplausos de outros manifestantes.

Após a proibição, o grupo Defend Our Juries anunciou manifestações de protesto, indicando que prevê promover novas acções em Setembro. “Continuaremos enquanto o Governo tentar silenciar aqueles que denunciam a sua cumplicidade em crimes de guerra”, declarou a organização em comunicado.

O Governo britânico insiste que os seus apoiantes “desconhecem a verdadeira natureza” da Palestine Action. “Não é uma organização não violenta”, comentou a secretária do Interior, Yvette Cooper, acrescentando que tinha “informações perturbadoras” sobre os seus planos.

Mais de 200 apoiantes já tinham sido detidos antes da manifestação deste sábado, de acordo com Tim Crosland, representante do Defend Our Jureis, e três pessoas foram acusadas ao abrigo da Lei Antiterrorismo na quinta-feira por expressarem apoio à Palestine Action, um crime punível até seis meses de prisão.

A proibição é objecto de uma acção judicial interposta por Huda Ammori, co-fundadora em 2020 deste grupo, que se apresentou como uma “rede de acção directa” com o objectivo de denunciar a “cumplicidade britânica” com o Estado de Israel, particularmente na venda de armas.

O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, anunciou em 29 de Julho que Londres reconhecerá o Estado da Palestina em Setembro, a menos que Israel assuma certos compromissos.

Starmer juntou-se também às numerosas vozes de líderes internacionais que se insurgiram na sexta-feira com o plano do Governo israelita de ocupar a Cidade de Gaza e deslocar sua população, mantendo o propósito de eliminar o grupo islamita palestiniano Hamas e recuperar os reféns que conserva na sua posse. “Esta acção não contribuirá em nada para pôr fim a este conflito nem para garantir a libertação dos reféns. Apenas provocará mais derramamento de sangue”, advertiu o chefe do Governo em comunicado.