Israel quer “acabar com a guerra” em Gaza, “fazê-lo depressa” e “expor as mentiras” que fazem com que os judeus em todo o mundo “estejam a ser difamados”.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, que está a ser alvo de críticas internacionais e internas devido aos planos do Governo para endurecer a operação militar em Gaza, disse este domingo a vários jornalistas internacionais que “é vergonhoso” que os países europeus, e outros, como a Austrália, “estejam a cair na conversa” de que a solução para a guerra é o reconhecimento de um Estado da Palestina.
“O Hamas tinha um Estado de facto [em Gaza] e o que fizeram foi trazer a guerra”, afirmou Netanyahu, em conferência de imprensa. O problema não é os palestinianos não terem um Estado, “é a sua permanente recusa em aceitar” Israel, argumentou.
“Os palestinianos não querem criar um Estado, querem destruir um Estado” e é “um desafio à imaginação ver como pessoas inteligentes no mundo, como diplomatas experientes, líderes políticos e jornalistas, caem nisto”, afirmou.
O líder israelita não deu indicações de datas para concluir a tomada de controlo em Gaza, mas garante que será rápido, para libertar os 20 reféns que ainda estão vivos. E garantiu que Israel não vai descansar enquanto não “acabar o trabalho” e destruir o Hamas.
“Não os podemos deixar lá”, ou vai acontecer outro 7 de Outubro, afirmou.
Também referiu que Israel está a contribuir para melhorar a situação humanitária em Gaza e que a ideia de Israel ter uma “política de fome” para acabar com os palestinianos faz parte de “uma campanha global de mentiras” criada contra o país.
Rejeitando a ideia de que há fome generalizada em Gaza, explica que “houve privações”, mas causadas pelo Hamas, que roubou todos os camiões com ajuda humanitária entrados no território para depois vender no mercado negro.
Questionado sobre se o bloqueio de três meses que impôs à entrada de alimentos em Gaza contribuiu para a crise humanitária que se vive actualmente no enclave, denunciada por diversas organizações internacionais, incluindo as agências das Nações Unidas, Netanyahu apontou as culpas ao Hamas.
“Nós o que tentámos fazer foi parar com os roubos [de ajuda alimentar] do Hamas e ao mesmo tempo trazer a GHF [a entidade privada criada com o financiamento dos Estados Unidos]”, disse Netanyahu a propósito dos meses em que os palestinianos deixaram de ter acesso a medicamentos e alimentação. “Não fomos bem-sucedidos, por causa do Hamas”.
“Foi o Hamas que criou este problema e dizerem que temos uma política de fome, é falso, houve um problema de privação, mas agora estamos a aliviar isso”, disse o primeiro-ministro.
Criar mais corredores humanitários, aumentar o número de centros de distribuição de comida da GHF e fazer lançamentos de comida por avião são medidas que estão a ter sucesso, diz Netanyahu, explicando que os israelitas até têm um indicador, que é o de ver o preço da alimentação, que tem estado “a afundar” graças à acção israelita.
“Quanto mais camiões entrarem em Gaza, mais os preços vão descer”, disse o governante, acrescentando que todas as organizações que quiserem contribuir para o esforço são bem-vindas. “Até a ONU, se alguma vez decidir fazer alguma coisa que não seja através do Hamas”, comentou.
O primeiro-ministro também recusou que os palestinianos sejam deliberadamente alvo de fogo quando se aproximam dos centros de distribuição da GHF, como já foi denunciado por soldados israelitas: “Muitos dos disparos foram feitos pelo Hamas à procura de reacção das nossas tropas”.
Merz muda a política “quando ganharmos”
Benjamin Netanyahu foi também questionado sobre a decisão alemã de interromper o envio de armas que possam ser usadas em Gaza, apesar de reconhecer o direito de Israel à sua defesa.
“Aqueles que dizem que temos o direito de nos defendermos, dizem-nos ao mesmo tempo que não o exerçamos”, criticou. Considerando que o chanceler alemão Friedrich Merz “sucumbiu à pressão das notícias falsas e de alguns grupos”.
Dizendo não querer falar especificamente de Merz, disse que os líderes europeus lhe dizem frequentemente que “está certo”, mas que não o podem reconhecer publicamente.
“Digo-lhes sempre, isso é um problema vosso, não é um problema meu”, afirmou no Netanyahu, estabelecendo um paralelismo entre a Alemanha nazi e Gaza e o Hamas: “É como se nos estivessem a dizer que não podemos entrar em Berlim e acabar com os nazis”.
“Nós [Israel] vamos fazer o que tem de ser feito e espero que ele [Merz] um dia mude de política. E sabem quando é que vai mudar? Quando ganharmos”, afirmou.
Sublinhando mais uma vez que Israel não quer ficar com a Faixa de Gaza, também disse que quem para lá for “não pode ser educado no terrorismo, nem pago no terrorismo”, tem de ser alguém que “quer viver em paz”. Para isso, os palestinianos “têm de reformar todo o seu sistema educativo”.