Susana Félix começou a mergulhar no universo dos livros em miúda, quando passava as férias escolares sempre no mesmo sítio: a biblioteca do bairro. “Era enorme, tinha tudo o que se podia encontrar na década de 60 e eu ficava lá o dia inteiro”, recorda. Hoje com 70 anos, reconhece que essa ligação precoce foi decisiva para o seu percurso profissional.
Em 1977 decidiu dedicar-se ao setor livreiro. No início, trabalhava de forma itinerante, contactando colecionadores e fornecedores para localizar edições raras e singulares. “Tinha um ficheiro com vários clientes, a quem mostrava livros e vendia alguns”, explica. Numa dessas visitas, encontrou a Casa da Guia, onde descobriu um pequeno quiosque que a conquistou. “Pouco depois surgiu a possibilidade de ficar com o espaço — e aqui estamos desde 2000.” Assim nasceu a livraria Atempo, que se tornou uma referência em Cascais.
Ao contrário das livrarias tradicionais, o catálogo vai muito além do habitual: arte, história, etnografia, geografia, cinema, teatro, dicionários, revistas, arquitetura, poesia, literatura, medicina, religião, primeiras edições e raridades dos séculos XVI e XVII. “Independentemente do preço ou da raridade, todos os livros merecem respeito”, sublinha.
O nome do espaço, Atempo, reflete o conceito: obras antigas, mas intemporais. “Aqui o foco são livros antigos, no entanto, estão sempre a tempo. Podem ter sido escritos há vários anos ou até mesmo séculos, a verdade é que muitas temáticas continuam atuais e daí, a tempo”, explica.
Para Susana, um livro usado transporta não só o conteúdo, mas também a história e as marcas deixadas por quem o leu. “É o que acabo por achar fascinante neste mundo. É sempre um entusiasmo quando uma pessoa consegue encontrar uma obra que procurava há muito tempo.”
A livraria também executa encadernações, restauros, avaliações, trabalhos de paleografia e leitura de documentos antigos, serviços disponíveis sob orçamento e podem demorar cerca de um mês (ou mais, dependendo do tipo de trabalho a realizar).
Caso queira dar um presente especial, Susana faz ainda pequenos livros com folhas em branco e encadernações que considera “bonitas”. “O objetivo é que cada pessoa possa escrever o seu próprio livro. Pode comprado para uso pessoal ou para oferecer numa ocasião especial.”
Se tiver um manuscrito antigo em casa, também pode sempre levá-lo à livraria para descobrir quanto vale. E, em alguns casos, também poderá vendê-lo. Para conhecer as novidades que vão chegando pode consultar o site da Atempo, onde encontrará livros com preços entre 15€ e 700€.
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