“Não podemos aceitar, em hipótese alguma, que questões territoriais sejam discutidas ou mesmo decididas entre a Rússia e os Estados Unidos sem a participação de europeus e ucranianos”, disse Merz na ARD. “Presumo que o governo americano veja da mesma forma”. O chanceler afirmou ainda que a Alemanha está a trabalhar de perto com Washington para assegurar que Zelensky irá estar presente.
No mesmo sentido, a chefe da diplomacia comunitária, Kaja Kallas, revelou que haverá uma reunião de emergência dos ministros dos Negócios Estrangeiros europeus esta segunda-feira para assumir uma posição conjunta.
“O presidente Trump está certo ao afirmar que a Rússia precisa acabar a guerra contra a Ucrânia. Os EUA têm o poder de forçar a Rússia a negociar seriamente. Qualquer acordo entre os EUA e a Rússia deve incluir a Ucrânia e a UE, pois é uma questão de segurança para a Ucrânia e para toda a Europa”, disse Kallas.
O secretário-geral da NATO ecoou este sentimento, realçando que a Ucrânia é um país soberano e decide sobre o seu futuro.
O próprio presidente ucraniano já avisou que, sem a Ucrânia, o que resultar do encontro de sexta-feira será um “acordo morto”.
Já no sábado à noite foi emitido com um comunicado conjunto de líderes europeus, enfatizando a necessidade de Kiev estar presente nas negociações.
Entre os signatários, Reino Unido, França, Itália, Alemanha, Polónia e Finlândia, além da presidente da Comissão Europeia.
EUA e um encontro Putin-Trump-Zelensky
Os Estados Unidos estão a trabalhar para “programar” um encontro entre Donald Trump e seus homólogos, o russo Vladimir Putine e o ucraniano Volodymyr Zelensky, garantiu o vice-presidente americano JD Vance.
“Um dos bloqueios dos mais importantes é que Vladimir Poutine disse que jamais se vai sentar com Zelensky, o líder ucraniano, e o presidente conseguiu mudar isso”, afirmou JD Vance durante uma entrevista à Fox News e já depois de um encontro com o ministro dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, David Lammy, durante as férias em Inglaterra.
Vance garantiu que a Administração americana quer programar um encontro entre os três líderes. Já o embaixador dos EUA na NATO, Matthew Whitaker, veio também admitir a possibilidade da presença de Zelensky na cimeira do Alasca.
Afirmou, no entanto, que será Trump a decidir. “Se ele considerar que convidar Zelensky é o melhor cenário, é o que fará”. “Nenhuma decisão foi ainda tomada”, admitiu.
Se a cimeira Trump-Putin for realizada, será a primeira vez que um presidente dos EUA se encontrará com o líder russo desde a invasão em larga escala da Ucrânia em fevereiro de 2022. O último encontro de Putin com um presidente dos EUA foi com Joe Biden, em Genebra, em junho de 2021.
Os detalhes de um possível acordo não foram anunciados, mas Trump disse que o fim da guerra envolveria “alguma troca de territórios para o benefício de ambos”, o que significa que a Ucrânia poderia ser obrigada a renunciar a partes significativas de seu território. Um cenário que Zelensky veio reiterar estar fora de questão.
As forças russas dominam atualmente cerca de 20% do território russo.
Trump tinha prometido acabar com o conflito ucraniano em 24 horas ao retornar à Casa Branca. A cimeira no Alasca está marcada para a véspera do dia em que expira um ultimato lançado ao Kremlin para terminar o pior conflito armado na Europa depois da Segunda Guerra Mundial.
À medida que a diplomacia se intensifica, as hostilidades não diminuíram. A Rússia afirmou ter intercetado drones ucranianos dirigidos a Moscovo, num ataque que matou pelo menos duas pessoas em Tula. Cinco pessoas foram mortas em ataques de drones russos na Ucrânia no domingo, enquanto a Rússia afirmou que uma pessoa foi morta num ataque de drones ucranianos na região de Saratov, no sul do país.