Simba Safari em SP está de volta: saiba como é passeio

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Crédito: Ana Lourenço/Estadão

Leões passeando soltos, búfalos atravessando o caminho com uma calma invejável e zebras desfilando com elegância sob o céu aberto. Poderia ser uma cena comum da savana africana, mas estamos falando de um safári que fica em São Paulo.

Novidade para os mais novos e nostalgia para os mais velhos: após mais de 20 anos com as portas fechadas, o Simba Safari está de volta. E continua preservando a sua característica principal: os animais soltos.

Pai e filho observam a grande atração do parque: o leão. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Afinal, o grande diferencial do local é que, ao contrário do zoológico, os humanos é que estão “presos” nos veículos enquanto os animais vivem livres. A inversão parece boba, mas permite que os animais se sintam mais livres, se comportem de maneira completamente diferente e que nós, enfim, possamos os observar com atenção.

Localizado ao lado do Zoológico de São Paulo, o parque retorna com investimento de mais de R$ 50 milhões e um novo olhar sobre bem-estar animal e sustentabilidade. “O valor foi investido na infraestrutura geral, desde encanamento, esgoto, tratamento de água, parte elétrica até os novos ambientes dos animais, que foram todos reformados pensando no bem-estar e qualidade de vida deles”, explica Tays Daiane Izidoro, bióloga e coordenadora de educação do Simba Safari.

O parque foi aberto oficialmente na última quarta-feira, 23 de julho, com um número ainda reduzido de animais. No dia em que a reportagem visitou, ainda era possível ver alguns espaços com obras, como o futuro restaurante e o serpentário. A previsão é de que em um mês tudo esteja pronto. Por enquanto, para matar a fome, é possível levar seu próprio lanche (sem dar para os animais) e comprar pipoca.

Em nova versão, percurso é feito em um caminhão com guia que oferece informações sobre todos os animais. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

“A ideia do safari é que os visitantes se sintam imersos, parte do ambiente onde está o animal e que a gente possa mostrar os ecossistemas. Por isso, muitos ambientes têm várias espécies convivendo juntas, para a gente mostrar um pouquinho dessas relações ecológicas”, explica a bióloga.

Quais são as novidades?

Diferentemente do antigo modelo, agora a única opção são os passeios guiados em caminhões com capacidade para até 40 pessoas.

Ao todo são nove caminhões do Simba Safari. Dois deles contam com acessibilidade para pessoas com deficiência física.

O caminho é inteiramente guiado por um educador, que tira as dúvidas dos visitantes e dá informações sobre os animais, seus hábitos e alimentação e curiosidades. Por exemplo, os nomes dos hipopótamos do Simba são Sininho e Pororó.

A nova decoração do espaço conta com bastante palha, madeira clara e até som ambiente com ritmos africanos para envolver os visitantes no ambiente de safári.

Independente das mudanças, quem já pisou ali anos atrás se emociona com a nostalgia. “Nos impressionamos muito com a estrutura física e a variedade de animais”, diz Roberta Rezende de Lima. Quando ela viu uma publicação no Instagram sobre a reabertura, fez questão de ir com o marido, Thiago Henrique, e os dois filhos, Thiago e Elisa, de Uberlândia, Minas Gerais, para relembrar o passeio.

Por que abriu e fechou tantas vezes?

Simplesmente por concessões. E cada vez que abriu, vieram mudanças, inclusive de nome. Hoje, a marca foi comprada do Chico Galvão e o parque está dentro de uma concessão do grupo Reserva Paulista (o mesmo do Zoológico de São Paulo e do Jardim Botânico).

Como é o passeio?

Tudo começa com uma foto oficial dos visitantes. Quem não quiser a lembrança (a partir de R$ 35) pode seguir direto para a fila de espera dos caminhões.

Os caminhões foram inspirados nos transportes do parque Animal Kingdom, da Disney, com cores marrons, cordas penduradas e teto de vidro. Se por um lado eles são bastante confortáveis e com boa visão, por outro, eles não permitem uma visão muito clara do outro lado. E é proibido ficar em pé – o único que faz o trajeto todo assim é o guia.

Caminhões que fazem novo percurso do parque têm capacidade para 40 lugares. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

O percurso, com cerca de quatro quilômetros por entre áreas verdes, dura em média 40 minutos. A melhor opção é sentar nas extremidades das fileiras (que contam com cinco bancos, cada). Se do lado direito, você vê a maioria dos bichos mais de perto, é do lado esquerdo que fica a ala dos leões.

“Não deu pra ver muita coisa“, lamentou José Sabadin, de 81 anos, que sentou no banco do meio. Apesar disso, ele, a filha e a esposa lembram de ter vindo ao parque anos atrás e conseguem notar as diferenças.

E aqui estamos falando simplesmente de visibilidade, porque o visitante também tem que contar um pouco com a sorte. “O animal é livre para escolher onde ele vai ficar e se ele quer se aproximar ou não. Então, a gente nunca pode garantir que as pessoas vão ver todas as espécies porque existem áreas internas e pontos de fuga justamente pelo bem-estar deles”, explica Tays Izidoro.

Quando visitamos, nem a onça e nem a girafa quiseram sair do quentinho. Mas, não existe dicas nesse caso: há espécies diurnas, outras noturnas, algumas que se alimentam de manhã, outras no período da tarde, além da temperatura do dia, que pode influenciar ou não.

O espaço completo do parque conta com 150 mil metros² e abriga quase 300 animais, sendo cerca de 40 espécies diferentes. “A estrutura hoje em dia ficou muito melhor. Lembro que, quando a gente veio, minha filha tinha quatro anos (hoje tem 39), e eu nem prestava atenção, dirigindo e com medo de estragar o carro com uma patada dos bichos”, brinca Dagmar Sabadin, 76.

“Eu gostei bastante da presença do guia, porque agora a gente sabe mais sobre os animais, os hábitos deles. Antes era só ficar vendo mesmo, não tinha essa informação”, complementa a filha, Elaine Sabadin.

Após o desembarque, o visitante passa por um espaço envidraçado no qual é possível observar os leões bem de perto. Ali os visitantes costumam passar um bom tempo.

Quando inaugurou, nos anos 1970, o parque era o único do gênero na América do Sul. No entanto, hoje, no Brasil existem alguns parecidos, como o passeio de Jipe na Floresta Tropical da Tijuca, no Rio de Janeiro, e os Safaris do Korubo no Jalapão.

Entenda a história

Simba Safari

Idealizado por Francisco Luiz de Souza Corrêa Galvão, conhecido como Chico Galvão, e inspirado nos modelos de safaris africanos, a chegada do Simba em São Paulo foi revolucionária. Como existiria um zoológico onde o humano que ficaria “preso”?

Pois no dia 3 de março de 1972, Galvão mostrou que era possível e criou um espaço com 100 mil metros², 22 leões soltos e mais diversas espécies. Como o rei da selva era a grande atração, o espaço era também conhecido como Parque dos Leões.

Reportagem do Estadão no ano de abertura destacava que o espaço tinha 3 km de estrada “pensada de maneira que nenhum leão, por mais astuto que seja, consiga se esconder dos visitante”. Era comum vê-los tomando água das nascentes do Riacho do Ipiranga ou até tocando os carros dos visitantes com as patas.

O trajeto, que durava cerca de 40 minutos, era feito ou com o carro próprio do visitante ou com as peruas disponibilizadas pelo Simba Safari. A velocidade máxima era de 10 km/h e era preciso respeitar algumas regras de segurança como: não abrir as portas e verificar as travas de segurança, vidros abertos no máximo cinco centímetros, usar as buzinas somente como socorro e não desligar o carro.

Reportagem sobre a inauguração do Simba Safari no Jornal da Tarde. Foto: Acervo Estadão

Em alguns casos, colocavam-se grades nos carros para a proteção dos visitantes.

Desde a inauguração, o Simba recebeu mais de 8,5 milhões de pessoas, com uma média de 135 mil visitantes por mês.

Primeiro fechamento

Depois de 29 anos de funcionamento, o parque fechou suas portas em 25 de abril de 2001 por conta do fim do contrato da concessão do terreno que pertence à Fundação Parque Zoológico de São Paulo.

A matéria da época relatou o fato da seguinte maneira: “Na terça-feira, as visitas serão interrompidas durante 15 dias para reformas e substituição de funcionários. Ao reabrir as portas em maio, o Simba passará a funcionar sob a responsabilidade da Fundação Parque Zoológico de São Paulo”.

Zoo Safári

Os 15 dias, se transformaram em 41 e o parque finalmente foi reaberto com o nome de Zoo Safári. Na nova proposta, os animais mais perigosos ficavam presos e as janelas dos carros poderiam ser inteiramente abertas – com exceção na área dos macacos.

Num primeiro momento, houve uma insatisfação pública bastante forte. Mas, o próprio parque criou algumas novidades para atrair os visitantes, como a autorização para dar comida aos bichos – algo antes extremamente proibido. O parque vendia canecas cheias de ração por R$ 10.

Antigamente, vista era feita com o próprio carro.  Foto: Valéria Gonçalvez/Estadão – 06/09/2020

Teve também a inauguração da atração Casa da Educação Ambiental, na qual o visitante podia ver esqueletos de mamíferos e répteis, casco de tartaruga, ovos e penas de animais.

Durante a pandemia, o espaço foi fechado. No entanto, em junho de 2020 reabriu, com normas diferentes, porém bastante atraentes na época para os “confinados”.

O Estadão relatou, no novo formato, que as vans não estavam sendo utilizadas e também não era mais possível alimentar os animais. Somente 500 veículos particulares podiam acessar o espaço por dia, com o uso de máscaras e verificação de temperatura na entrada. Além disso, os carros passavam por uma desinfecção das rodas na portaria.

Veja o vídeo da época:

Em agosto de 2023, o parque anunciou o fechamento temporário para uma reforma. Até que em 23 de julho de 2025, o parque reabriu com o nome original: Simba Safari.

Hoje, a marca foi comprada do Chico Galvão e o parque está dentro de uma concessão do grupo Reserva Paulista (o mesmo do Zoológico de São Paulo e do Jardim Botânico). Por isso, agora existe uma integração entre o Zoológico de São Paulo, o Simba Safari e o Jardim Botânico. É possível comprar combos de ingressos, incluindo o Acqua Zoo e o Mundo Dino.

Serviço

Endereço: Avenida do Cursino, 6.338 – ao lado do Zoológico de São Paulo

Horário de funcionamento: todos os dias, das 9h às 17h

Estacionamento: Serão 250 vagas de estacionamento exclusivas para o Safari, além das 1.500 vagas do Zoológico.

Ingressos: Compra antecipada: R$ 89,90 | Compra no dia da visita: R$ 99,90

Mais informações: https://simbasafari.com.br/